Briga acontece em meio às tentativas de investigar as fraudes nos descontos do INSS em aposentados e pensionistas de todo o Brasil
A audiência da Comissão de Fiscalização do Senado para discutir a denúncia de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contou com embates e falas acaloradas nesta quinta-feira (15/5). O ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT) e o senador Sergio Moro (União Brasil/AP) trocaram farpas sobre a gestão da instituição governamental.
Moro perguntou ao ministro se ele sabia dos descontos associativos no INSS na época em que era secretário-executivo do Ministério da Previdência Social.
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Tais descontos foram apurados pela Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU), onde descobriram que sindicatos e entidades associativas teriam cobrado indevidamente montantes de aposentados e pensionistas, um valor de cerca de R$ 6 bilhões durante cinco anos.
Wolney negou e ressaltou que as denúncias foram feitas em 2020, quando o senador Moro era ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Um servidor em 2020 denuncia à PF que havia descontos indevidos, que havia fraude. Essas denúncias foram feitas em 2020, senador. Parece que vossa excelência era o ministro da Justiça nessa época. Vossa Excelência fez alguma coisa para coibir essas fraudes?”, questionou o ministro durante a audiência feita para ele.
Moro rebateu, dizendo que Queiroz se omitiu durante uma reunião sobre a denúncia das fraudes realizadas em 2023.
“Esses fatos nunca foram informados a mim como foram informadas a vossa excelência expressamente na reunião lá em 2023. Quem se omitiu aqui foi Vossa Excelência”, disse o senador.
Daí então, os dois começaram o bate-boca, com troca de perguntas sobre o caso. O ministro afirmou ainda que não tinha conhecimento sobre as informações de fraude.
“O senhor ouviu na reunião, ministro. Na reunião foi informado sobre as fraudes e Vossa Excelência não fez nada. Vossa Excelência era de confiança de Carlos Lupi e continua no ministério”, declarou Sergio Moro.
O ministro da Previdência foi convidado pela Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor para prestar informações sobre as fraudes relacionadas a descontos não autorizados nas contas de aposentados e pensionistas no INSS.
A convocação acontece em meio à pressão da oposição para a organização de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as fraudes do instituto. O senador Randolfe Rodrigues (PT/AP), afirmou à GloboNews que agora a ideia é tentar garantir a relatoria, com possibilidade de ter a deputada Tabata Amaral (PSB/SP) à frente.
Parlamentares relembram que, em 2023, tanto Wolney quanto Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência, foram alertados sobre os descontos irregulares pela conselheira Tonia Galleti, do Conselho Nacional do INSS.