Tati Machado: Obstetra explica o que causa a perda gestacional tardia

Tati Machado: Obstetra explica o que causa a perda gestacional tardia


Apesar de rara, essa situação afeta muitas famílias e levanta uma série de dúvidas sobre o que pode levar a uma interrupção tão abrupta de uma gravidez que parecia saudável

A notícia da perda do bebê da jornalista e apresentadora Tati Machado, que estava grávida de 33 semanas, comoveu os internautas na última terça-feira (13/5) e trouxe à tona uma realidade dolorosa e pouco discutida: a perda gestacional tardia. Apesar de rara, essa situação afeta muitas famílias e levanta uma série de dúvidas sobre o que pode levar a uma interrupção tão abrupta de uma gravidez.

Para entender melhor as possíveis causas e os cuidados necessários nesses casos, o portal LeoDias conversou com a Dra. Ana Paula Mondragón, obstetra especialista em medicina fetal e com ampla experiência em pré-natal de alto risco.

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Segundo a médica, as perdas gestacionais tardias — aquelas que ocorrem após a 28ª semana de gestação — podem estar relacionadas a fatores maternos, fetais ou placentários. 

“A medicina reconhece muitos fatores de risco e dividimos os mesmos em causas Maternas, causas fetais e causas placentárias: Causas maternas: Hipertensão arterial crônica / Pré-eclâmpsia/Eclâmpsia; Diabetes pré-gestacional ou gestacional descontrolada; Trombofilias; Infecções maternas (parvovírus , sífilis, toxoplasmose, citomegalovírus entre outras); Doenças autoimunes; Obesidade materna; Uso de substâncias licitas ou ilícitas (álcool, drogas, cigarro); Traumas ou acidentes. Causas fetais: Malformações; Cromossomopatias; Infecções congênitas (toxoplasmose, outros, rubéola, citomegalovírus, herpes, as chamadas TORCH); Anemia fetal severa; Crescimento intrauterino restrito. Causas placentárias/ cordão: Descolamento prematuro da placenta; Insuficiência placentária; Acretismo, sincretismo ou percretismo placentário;Infartos placentários; Trombose venosa dos vasos placentários; Compressão de cordão; Nó real de cordão ; Prolapso de cordão; Inserção velamentosa de cordão; Ruptura de vasa prévia ; e Corioamnionite (infecção das membranas)”

Recentemente casos de perdas gestacionais tem ganhado a mídia, especialmente os que envolvem figuras públicas, como foi o caso da cantora Lexa, Maíra Cardi, Sabrina Sato e Tati Machado, o que dá a entender que pode estar se tornando comum, no entanto a especialista afirma que não há evidências de que as perdas estejam se tornando mais frequentes.

“Não, inclusive no brasil a morte fetal tardia tem apresentado uma redução, especialmente por causas evitáveis como a hipertensão e a diabetes, mas devemos frisar que as taxas ainda são superiores às dos países desenvolvidos, o que indica a necessidade de melhorias na assistência pré-natal e parto.  Acredito, portanto, que esses casos estão apenas ganhando mais repercussão em virtude da maior exposição que as pessoas têm na internet e os casos recentes com famosas”, pontua Dra. Ana Paula.

Quando a perda acontece sem uma explicação aparente

No caso de Tati Machado, a assessoria informou que a gravidez transcorria normalmente, de forma completamente saudável, até o momento da perda. Em situações assim, a busca por respostas é fundamental, não apenas para o processo de luto, mas também para a segurança de futuras gestações. Para isso é feita uma investigação médica, que segundo a Dra. Ana Paula: “O protocolo inclui uma autópsia do feto, análise da placenta, cordão e membranas, além de exames laboratoriais na mãe. O objetivo é identificar infecções silenciosas, tromboses ou alterações que possam ter passado despercebidas durante o pré-natal”.



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