Em série de seminários na USP, Luis Felipe Miguel, da UnB, afirma que partido de Lula adotou atitude de “jogar o jogo político sem esperança de transformá-lo”
O professor Luis Felipe Miguel, da UnB (Universidade de Brasília), afirmou que o PT se tornou “o velho MDB“, ao participar do 1º dia da série de seminários intitulada “O futuro da esquerda brasileira“, que acontece de 2ª feira (12.mai.2025) a 5ª feira (15.mai) na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo o cientista político, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma atitude de “jogar o jogo político como ele é, sem esperança de transformá-lo”, o que resultou na perda de parte da sua capacidade de mobilização social. Miguel destacou as limitações impostas pela heterogeneidade da base aliada, segundo ele necessária para “combater a extrema direita“.
A mesa inaugural, intitulada “O estado da democracia brasileira“, também teve participação dos cientistas políticos Jean Tible, da USP, e Camila Rocha (mediadora), do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Esperada para a conversa, a deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) não compareceu por problemas de saúde.
O “velho MDB“, ao qual Miguel se referiu, foi o partido que uniu diversas correntes políticas que se opunham à ditadura militar (1964-1985). No regime dos generais, vigorava o bipartidarismo. A Arena era governista. O MDB, a oposição consentida. O sistema foi desfeito apenas na época da abertura política, a partir de 1979, com a volta do pluripartidarismo.
Com a redemocratização, o MDB virou PMDB e se transformou em um partido com capilaridade pelo Brasil e disposto a compor com os governantes da vez. Com a crise dos partidos brasileiros pós-Lava Jato, o partido tirou o “P” de novo do nome e viu seu poder minguar no Congresso e nas administrações locais.
O ciclo “O futuro da esquerda brasileira” teria ainda nesta 2ª feira (12.mai) as mesas “Para uma crítica da economia política da esquerda brasileira” e ” Retração de horizonte e transformação estrutural do Brasil”. Além de acadêmicos, são aguardados nos 4 dias de seminários políticos como o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) e o ex-deputado José Genoíno (PT-SP).