O governo brasileiro anunciou nesta segunda-feira (12) que empresas da China irão investir cerca de R$ 27 bilhões em diversos setores da economia nacional. A informação foi divulgada pelo presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (ApexBrasil), Jorge Viana, durante o Fórum Empresarial Brasil-China, realizado em Pequim e encerrado com participação do presidente Lula.
Rui Costa, Jorge Viana e Lula em audiência concedida ao presidente da Envision, Lei Zhang, em Pequim
Ricardo Stuckert/PR
Os investimentos abrangem áreas estratégicas como delivery, carros elétricos, energia renovável, mineração, tecnologia, agronegócio e semicondutores. A iniciativa ocorre em um momento de fortalecimento da relação bilateral, com a China já consolidada como principal parceiro comercial do Brasil.
Principais aportes e geração de empregos
Os maiores destaques entre os anúncios feitos por empresas chinesas incluem:
- Great Wall Motors (GWM): R$ 6 bilhões para expandir operações no Brasil e iniciar exportações para América do Sul e México.
- Meituan (app Keeta): R$ 5 bilhões para atuar no setor de delivery. A estimativa é gerar 4 mil empregos diretos e até 100 mil indiretos, com instalação de central de atendimento no Nordeste.
- CGN (energia): R$ 3 bilhões em um hub de energia renovável no Piauí, com foco em eólica, solar, termosolar e armazenamento de energia, criando mais de 5 mil empregos.
- Envision: até R$ 5 bilhões na construção do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, voltado à produção de combustível sustentável de aviação (SAF), hidrogênio verde e amônia verde.
- Mixue: rede de bebidas e sorvetes vai investir R$ 3,2 bilhões no Brasil, comprando frutas nacionais e prometendo gerar 25 mil empregos até 2030.
- Baiyin Nonferrous: R$ 2,4 bilhões na compra da mina de cobre Serrote, em Alagoas.
- Didi (99 Táxi): investirá na área de delivery e na construção de 10 mil pontos públicos de recarga para veículos elétricos.
- Longsys (semicondutores): R$ 650 milhões em ampliação de fábricas em São Paulo e Amazonas, via sua subsidiária Zilia.
- Nortec Química: R$ 350 milhões em parceria com empresas chinesas para implantar uma nova plataforma de produção de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) no Brasil.
Acordos bilaterais e promoção de produtos brasileiros
Além dos aportes, a ApexBrasil firmou acordos para promover produtos e cultura brasileira na China:
- Parceria com a Luckin Coffee para promover o café brasileiro.
- Acordo com a Huaxia Film para exibição e apoio ao cinema nacional.
- Cooperação com a rede Hotmaxx para a distribuição de produtos brasileiros no varejo chinês.
Também foram firmadas parcerias empresariais, como:
- Eurofarma e Sinovac: criação do Instituto Brasil-China de Inovação em Biotecnologia.
- Raízen e SAFPAC: acordo para fornecimento de bioetanol visando produção de SAF na China.]
- Fiocruz e Biomm: investimentos para produção local de insulina.
- REAG Capital e CITIC Construction: projeto de conversão de pastagens degradadas em áreas agrícolas sustentáveis.
- ABES e ZGC: cooperação em inteligência artificial e infraestrutura de dados.
Fortalecimento da relação
A comitiva brasileira na China é formada por 11 ministros, o presidente do Senado Davi Alcolumbre, parlamentares, autoridades e cerca de 200 empresários. Lula destacou que a China é o maior investidor asiático no Brasil, com estoque superior a US$ 54 bilhões, e que o país asiático “deixa de ser tratado como vilão e passa a ser visto como parceiro estratégico”.
A visita também busca ampliar o intercâmbio turístico e as conexões aéreas entre os dois países. Na agenda do presidente Lula, está prevista uma reunião com o presidente chinês Xi Jinping, além de encontros no âmbito da Celac-China. O presidente deve retornar ao Brasil na quarta-feira (14).
Perspectivas
A Apex mapeou 400 novas oportunidades de negócios com a China, com foco no agronegócio e na exportação de carnes brasileiras. Um novo escritório será inaugurado em Pequim para facilitar essas negociações.
Além disso, o Ministério da Agricultura trabalha para firmar um acordo de desburocratização no registro de produtos biotecnológicos, o que pode acelerar a entrada de novos produtos brasileiros no mercado chinês.