O que é necessário para um mundo sem ataques hackers?

O que é necessário para um mundo sem ataques hackers?


Paz Cibernética, utopia ou possibilidade? Confira o que é necessário para um mundo sem roubo de dados e todos os sistemas funcionando perfeitamente

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A ausência de soberania cibernética limitada permite que atores maliciosos operem em zonas cinzentas legais, burlando legislações nacionais

Vivemos em uma era de extraordinários avanços tecnológicos. A inteligência artificial já toma decisões em milissegundos, sistemas bancários realizam transações globais em tempo real e as redes conectam bilhões de pessoas como nunca antes. No entanto, sob essa superfície brilhante, persiste uma sombra crescente: ataques hackers, vazamentos de dados e falhas sistêmicas colocam em xeque a confiança no mundo digital. A grande pergunta é: é possível alcançar uma verdadeira paz cibernética, ou estamos fadados a viver em um estado permanente de alerta e defesa?

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A busca pela paz cibernética exige mais do que firewalls e criptografia. Assim como os filósofos clássicos pensaram a paz entre nações, precisamos refletir sobre a paz entre sistemas, redes e usuários no ciberespaço. É nesse ponto que a filosofia política clássica encontra a cibersegurança: a Teoria da Paz Perpétua de Immanuel Kant (1795), originalmente pensada para as relações entre Estados, pode ser reinterpretada como um alicerce conceitual para um futuro digital mais seguro, ético e cooperativo.

  1. Repúblicas Democráticas e a Governança Digital Democrática

Na obra de Kant, a paz entre nações seria alcançada com base em governos representativos, estado de direito e participação cidadã. Aplicando esse modelo ao ciberespaço, podemos pensar em uma governança digital democrática, baseada em estruturas multipartites, onde governos, empresas, sociedade civil e academia compartilham responsabilidades sobre o ambiente digital.

A transparência algorítmica, o respeito aos direitos digitais e a responsabilidade cibernética são elementos essenciais. Assim como uma democracia falha sem cidadãos conscientes, a segurança digital ruirá se os usuários não forem educados, informados e ativos. Ciberpaz também se constrói com cibereducação.

  1. Ética Baseada na Razão e a Ética Cibernética

Kant defendia que a moralidade deveria ser guiada pela razão universal. Trazendo esse ideal para a era digital, a ética cibernética baseada na razão propõe que o uso da tecnologia, especialmente da inteligência artificial, deve respeitar princípios racionais, privacidade como direito fundamental e segurança como bem coletivo.

Não se trata apenas de proteger sistemas, mas de preservar a dignidade humana no ambiente digital. A ética deve nortear decisões sobre coleta de dados, vigilância, deepfakes e moderação de conteúdo. Combater a desinformação e os abusos algorítmicos é parte do dever moral de qualquer ator digital.

  1. Federação Global e a Federação Cibernética Global

Em sua Teoria da Paz Perpétua (1795), Kant propôs uma federação de Estados regida por leis internacionais e compromissos mútuos como caminho para a paz entre nações. Analogamente, o mundo digital exige uma federação cibernética global: um pacto internacional entre nações e empresas para desenvolver normas comuns de cibersegurança, resolução pacífica de incidentes cibernéticos e cooperação investigativa transnacional.

A ausência de soberania cibernética limitada, como ocorre hoje, permite que atores maliciosos operem em zonas cinzentas legais, burlando legislações nacionais. Para termos paz, é preciso aceitar que, assim como nas fronteiras físicas, não pode haver impunidade no ciberespaço.

Caminho para a paz: entre o ideal e o necessário

Não, não estamos próximos de um mundo digital perfeito. Mas a paz cibernética não é utopia. Ela é um projeto político, ético e técnico, que exige vontade internacional, compromisso com valores universais e responsabilidade de todos — governos, empresas e usuários.

Enquanto isso, seguimos em trincheiras invisíveis, protegendo infraestruturas críticas, dados pessoais e sistemas que sustentam a vida moderna. A diferença é que agora sabemos que o caminho para a paz cibernética não passa apenas por antivírus e firewalls, mas por uma nova forma de civilização digital — inspirada, quem diria, por um filósofo do século XVIII.

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*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.





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