Washington exige fim do enriquecimento de urânio e desmonte de usinas; Teerã considera exigências exageradas
Os Estados Unidos e o Irã retomam, neste domingo (11.mai.2025), as negociações pelo acordo nuclear, que se arrastam há décadas. A reunião, mediada pelo Omã, será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
De um lado, os EUA, representados pelo enviado especial ao Oriente Médio Steve Witkoff, exigem que Teerã desmantele plantas nucleares em Natanz, Fordow e Isfahan.
“Sem enriquecimento. Isso significa que não haja armamentalização. Se eles não forem produtivos no domingo, então não vão continuar e teremos de buscar outra rota”, disse, ao portal Breitbart News na 5ª feira (8.mai), antes de embarcar para Muscat, capital de Omã.
Donald Trump (Republicano), presidente dos EUA, já ameaçou o uso de força militar caso um acordo não seja selado por meio da diplomacia. Ele viajará para a Arábia Saudita, o Qatar e os Emirados Árabes Unidos de 13 a 16 de maio.
Por outro lado, Teerã acredita que as demandas de Washington são exageradas. O ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, que participa da reunião com Witkoff, disse que o país não pretende comprometer seus direitos nucleares, o que inclui enriquecimento de urânio.
“A posição do Irã é conhecida e baseada em princípios claros. Esperamos alcançar uma posição decisiva durante a reunião de domingo”, disse Araqchi à televisão estatal iraniana.
O ministro ressaltou, ainda, que uma equipe de especialistas reunida pelo Irã para elaborar o acordo nuclear está no Omã e “pode ser consultada caso seja necessário”.
Segundo a agência de notícias Reuters, Teerã estaria disposta a ceder em alguns pontos em troca da suspensão das sanções. O fim do enriquecimento de urânio ou a entrega do estoque do material já enriquecido, porém, é uma das “linhas vermelhas” que o Irã não aceita ultrapassar.
Um oficial próximo das negociações disse à Reuters que as demandas dos Estados Unidos de interrupção do enriquecimento de urânio e desmantelamento de plantas nucleares “não ajudam na progressão das negociações”.
“O que os Estados Unidos dizem publicamente é diferente do que pedem nas negociações”, disse o oficial, em condição de anonimato.
Trump reprime duramente o programa atômico do Irã desde seu 1º mandato. Em 2018, anunciou a retirada dos EUA do acordo nuclear iraniano e impôs sanções que atingiram a economia do país.
O Irã, por sua vez, alega que seu programa nuclear é pacífico. O país, porém, quebrou o pacto de 2015 ao enriquecer urânio em 60%, percentual muito próximo do 90% que constitui armamentalização, de acordo com o órgão fiscalizador nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas).