Criticado por ida à Rússia, Lula tenta voltar da China com vitória econômica

Criticado por ida à Rússia, Lula tenta voltar da China com vitória econômica


Brasil quer aproveitar as oportunidades criadas pela guerra comercial e ampliar parceria com Pequim; presença do petista em celebração de Putin gerou desconforto na comunidade internacional

Ricardo Stuckert/PRJantar oferecido por Vladimir Putin ao presidente Lula
Jantar oferecido por Vladimir Putin ao presidente Lula

Sob pressão internacional por participar das comemorações da vitória soviética na Segunda Guerra ao lado de Vladimir Putin e outros ditadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou neste sábado (10) em Pequim com o objetivo de colher resultados econômicos expressivos e tentar virar a página da controvérsia. A viagem à China é parte de uma estratégia diplomática que busca reforçar a posição brasileira no cenário global e aproveitar as oportunidades criadas pela guerra comercial entre Estados Unidos e China.

A comitiva brasileira é composta por ministros, autoridades e cerca de 200 empresários. A missão, segundo o governo, é clara: ampliar parcerias com o maior parceiro comercial do Brasil, especialmente em áreas como agronegócio, tecnologia e infraestrutura. O momento é considerado estratégico pelo Planalto, diante do aumento das tarifas aplicadas entre EUA e China, que abriu espaço para exportadores brasileiros em setores antes dominados por concorrentes americanos.

“O Brasil pode se apresentar como uma alternativa sólida e confiável”, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) mapeou 400 oportunidades de negócios com os chineses, com destaque para a venda de carnes, grãos e biotecnologia agrícola. Além dos interesses comerciais, a visita à China tem peso político. Lula se encontrará com o presidente Xi Jinping e participará do IV Fórum China-Celac, que reúne países da América Latina e do Caribe. A agenda inclui ainda discussões sobre a reforma da governança global e propostas conjuntas para regulação de temas como inteligência artificial e mudanças climáticas.

A China representa hoje cerca de um terço das exportações brasileiras e está entre os principais investidores no país, com atuação em setores como energia, infraestrutura e telecomunicações. De janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre os dois países chegou a US$ 38,8 bilhões.

Apesar da tentativa de manter o foco na diplomacia econômica, a viagem é marcada pelas críticas à passagem anterior de Lula por Moscou. O presidente brasileiro foi um dos poucos líderes democraticamente eleitos a comparecer às festividades organizadas por Vladimir Putin, que usou o evento como demonstração de força em meio à guerra na Ucrânia. Questionado, Lula defendeu sua presença na Rússia, afirmando que o Brasil mantém uma “postura sólida” em defesa da paz e da integridade territorial dos países. “Conversamos com todas as partes. O Brasil quer o fim da guerra, mas é preciso que ambos os lados queiram”, afirmou.

A participação no desfile militar na Praça Vermelha, que exibiu tanto tanques históricos quanto drones utilizados na guerra contra a Ucrânia, gerou desconforto em parte da comunidade internacional. No mesmo momento, líderes europeus faziam uma visita surpresa a Kiev, com um apelo por cessar-fogo imediato e novas sanções contra Moscou.

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A diplomacia brasileira tenta equilibrar-se entre diferentes polos globais, defendendo o multilateralismo e a neutralidade ativa. Como presidente do Brics neste ano, Lula também busca projetar o Brasil como mediador em conflitos e protagonista nas discussões sobre o futuro da ordem internacional. A China é vista como parceira-chave nesse esforço.

*Reportagem produzida com auxílio de IA





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