Trégua foi negociada após quatro dias de intensos combates entre os dois países, que deixaram ao menos 60 mortos na fronteira e em áreas da Caxemira
Apesar do anúncio de um cessar-fogo “total e imediato” entre Índia e Paquistão, feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, neste sábado (10), os confrontos na região da Caxemira voltaram a ser registrados horas depois. Nova Délhi acusou Islamabad de violar a trégua, enquanto o Paquistão negou as acusações e afirmou estar comprometido com o acordo. A trégua foi negociada após quatro dias de intensos combates entre os dois países, que deixaram ao menos 60 mortos na fronteira e em áreas da Caxemira, região historicamente disputada por ambos os lados.
O conflito se intensificou após um ataque ocorrido em 22 de abril, que matou 26 turistas na Caxemira administrada pela Índia. Nova Délhi responsabilizou o grupo armado Lashkar-e-Taiba, com base no Paquistão — acusação rejeitada por Islamabad. O secretário de Relações Exteriores da Índia, Vikram Misri, disse que seu país respondeu de forma “adequada e apropriada” às supostas violações do cessar-fogo. Já o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, por meio de comunicado, afirmou que “permanece comprometido com a implementação do acordo” e pediu moderação de ambos os lados. Islamabad também acusou a Índia de descumprir o pacto.
Testemunhas relataram explosões na cidade de Srinagar, na Caxemira administrada pela Índia, mesmo após o anúncio da trégua. O ministro-chefe da região, Omar Abdullah, questionou nas redes sociais: “O que diabos aconteceu com o cessar-fogo? Explosões estão sendo ouvidas por toda Srinagar!”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, elogiou a iniciativa de paz e afirmou esperar que o cessar-fogo leve a um acordo duradouro. Representantes de outros países também celebraram a trégua, como o Reino Unido e o Irã, que pediram o fim das hostilidades e a retomada do diálogo. O cessar-fogo foi intermediado pelos Estados Unidos após reuniões conduzidas pelo secretário de Estado Marco Rubio e pelo vice-presidente JD Vance com autoridades indianas e paquistanesas. Segundo Rubio, ambos os países concordaram em iniciar negociações formais em local neutro.
As consequências do conflito recente incluem perdas humanas, danos econômicos e destruição de equipamentos militares. Segundo o Paquistão, 77 drones israelenses da Índia foram abatidos. Nova Délhi, por sua vez, afirmou ter destruído centenas de drones paquistaneses e evitado ataques com aviões de combate. O Paquistão ainda alega ter derrubado cinco caças indianos — inclusive três Rafale franceses —, algo que a Índia não confirmou.
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Desde 1947, quando conquistaram a independência do Reino Unido, Índia e Paquistão já travaram várias guerras pelo controle da Caxemira. A tensão se agravou em 2019, após o governo indiano retirar a autonomia da região e assumir seu controle direto, provocando revolta e aumento da atividade de grupos armados locais.
*Com informações da AFP
Publicado por Felipe Cerqueira
