Governo espanhol cria 2 grupos de trabalho para investigar apagão

Governo espanhol cria 2 grupos de trabalho para investigar apagão


Autoridades afirmam que não há informações suficientes para apontar a causa da queda de energia, o que pode demorar “muitos dias” para ser confirmado

O governo da Espanha criou 2 grupos de trabalho para investigar as causas do apagão que atingiu todo o país, além de Portugal e partes da França, deixando a população sem eletricidade e sinal de telefonia por cerca de 10 horas no dia 28 de abril.

A medida foi anunciada após uma reunião do comitê que investiga a pane elétrica, realizada na sede da Red Eléctrica, empresa responsável pela administração das linhas de alta tensão. O comitê é presidido pela ministra de Transição Ecológica e Desenvolvimento Demográfico, Sara Aagesen.

Um dos grupos de trabalho focará em reunir todas as informações acerca da operação do sistema de eletricidade. Será coordenado por uma equipe do Ministério de Transição Ecológica e contará com a participação de representantes da Comissão Nacional de Mercados e Competências. 

O outro grupo de trabalho ficará responsável por analisar a cibersegurança e os sistemas digitais. Este grupo será gerido pelo Ministério de Transformação Digital, o que indica que o governo espanhol não descarta a possibilidade de ter sido alvo de um ataque externo.

Em entrevista publicada pelo jornal El País neste domingo (4.mai.2025), Aagesen disse que a definição de uma origem para o apagão ainda vai demorar. “Estamos falando de muitos dias. Todas as hipóteses estão em aberto”, disse.

Na Espanha, especula-se que uma sobrecarga causada pelo uso de energia fotovoltaica para abastecer a rede elétrica do país pode ter sido a causa do apagão. Aagesen não descartou a possibilidade de ter havido uma anomalia no sistema de painéis solares no sudoeste do país, mas afirmou ser “simplista” dizer que causaram o apagão.

Hoje, não sabemos quais instalações de geração deixaram de fazer parte do sistema. Falar em energia solar fotovoltaica pode ser precipitado, embora no mapa seja possível ver as diferentes tecnologias de geração em cada região. E há muita solar fotovoltaica no sudoeste da Espanha”, disse.

Autoridades espanholas reconhecem que ainda não há informações suficientes para apontar uma causa definitiva para o apagão.

Todos os dados recebidos a partir de solicitações dos agentes do sistema de energia, que são mais de 30 centros de controle de geração, empresas geradoras e distribuidoras, estão sendo analisados e estamos esperando a totalidade da informação requerida”, afirmaram autoridades em pronunciamento após reunião do comitê, que contou com a presença da presidente da Red Eléctrica, Beatriz Corredor.

O comitê alega que, por conta da “complexidade técnica” em acessar os dados referentes ao apagão, parte das informações está sendo compilada pelas próprias empresas de energia espanholas. A Red Eléctrica, por outro lado, garante que já enviou todos os dados requisitados ao comitê.

A queda de energia nacional também reaqueceu o debate a respeito do sistema de energia espanhol. Partidos de oposição ao primeiro-ministro Pedro Sánchez (Psoe, esquerda) intensificaram as críticas contra o modelo de distribuição energética do país, especialmente após o fechamento de plantas de energia nuclear. 

No centro da discussão, está o questionamento sobre se o sistema atual de distribuição energética possui capacidade para garantir fornecimento à população durante crises ou situações imprevisíveis. 

Um levantamento publicado pelo CIS (Centro de Investigações Sociológicas) no sábado (3.mai) aponta que 59,6% dos espanhóis consideram que as informações divulgadas pelo governo do país acerca do apagão foram insuficientes, enquanto apenas 28,4% da população julga que foram suficientemente informadas.





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