Diferente da figura mais sisuda da versão original, o novo vilão ganhou contornos mais cômicos e sarcásticos
O Marco Aurélio do remake de “Vale Tudo”, interpretado por Alexandre Nero, vem despertando reações diversas entre os telespectadores — e é justamente aí que reside a riqueza da sua construção. Diferente da figura mais sisuda e discreta da versão original, o novo Marco Aurélio ganhou contornos mais divertidos e sarcásticos, assumindo uma função quase de alívio cômico na trama.
Nas redes sociais, há quem critique essa virada de tom. Para alguns, o personagem perdeu densidade ao se tornar mais performático e escrachado. Outros, no entanto, enxergam essa abordagem como uma leitura acertada de um tipo que se impõe não pela maldade explícita, mas pela arrogância afiada e pelo deboche. Como bem observou um internauta, ele não é engraçado pelas piadas, mas “por ser quem é”.
Essa leveza trazida por Nero, claro, tem muito a ver com a direção do projeto, que optou por modernizar certos códigos de vilania. Em vez do vilão tradicional, Marco Aurélio surge como um empresário manipulador com toques de ironia — um perfil que conversa bem com o público atual, acostumado a vilões mais humanizados e menos caricatos.
Também há quem reforce que Marco Aurélio nunca foi, de fato, o “grande vilão” de Vale Tudo. Esse título sempre coube a Odete Roitman, que estreia em breve na nova versão. Nero, portanto, estaria exatamente no tom certo: interpretando um personagem ambíguo, que manipula, ri e finge ingenuidade — e que ainda deve crescer bastante conforme a trama avança.
Mesmo com mudanças, o Marco Aurélio do remake preserva a essência de quem joga dos dois lados, sempre com a própria vantagem em vista. E Nero, com sua verve afiada, tem dado conta do recado — goste-se ou não do tom adotado. Afinal, em “Vale Tudo”, os vilões nem sempre gritam. Às vezes, eles apenas sorriem com cinismo.