Moraes falta a comissão do Senado e senadores criticam

Moraes falta a comissão do Senado e senadores criticam


Ministro do STF e ex-assessor Eduardo Tagliaferro foram convidados para falar sobre áudios vazados, mas não compareceram

Senadores criticaram nesta 4ª feira (30.abr.2025) a falta do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes em sessão da Comissão de Segurança Pública do Senado.

Ele havia sido chamado para falar sobre a suposta atuação do gabinete de Alexandre de Moraes, onde o ministro solicitava, de maneira não oficial, relatórios relacionados à desinformação, especialmente durante as eleições de 2022.

Também queria explicações de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sobre ameaças de morte contra o ex-assessor.

Por se tratar de convite, Moraes não era obrigado a comparecer. Eis a íntegra do requerimento (PDF – 344 kB).

Presidente da comissão, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que, por meio de seu advogado, Tagliaferro sugeriu uma nova data para a audiência e pediu que possa falar virtualmente. Flávio não disse se Moraes enviou uma justificativa pela ausência.

CRÍTICAS DA OPOSIÇÃO AO GOVERNO

O senador Magno Malta (PL-ES) afirmou que o advogado de Tagliaferro havia dito que o ex-assessor compareceria, mas depois recuou.

Criticou Alexandre de Moraes e o chamou de “figura impoluta, nojenta, que afronta esse país, o faraó, o Nero do Brasil”.

“Nem para dizer: Olha, cambada de otários, não vou’”, declarou Malta.

Já o senador Eduardo Girão (Novo-CE) falou que a ausência de Moraes desrespeita o Senado.

“Ele [Moraes] é convidado para participar de debates, trocar ideias sobre o segredismo em tribunais superiores no Brasil, decisões nada republicanas, e ele não atende a este Senado. Desqualifica, diminui este Senado”, disse Girão.

GLENN GREENWALD

O jornalista Glenn Greenwald, autor das reportagens publicadas pela Folha de S.Paulo que revelaram os áudios, afirmou que os ex-assessores de Moraes no TSE responsáveis pelas informações sabiam que estavam infringindo as regras. Segundo ele, os áudios mostravam a preocupação dos ex-assessores.

“Diziam: ‘Meu Deus, se isso for divulgado, não está certo’ […] Eles queriam esconder o que estava acontecendo”, falou o jornalista durante a sessão da Comissão de Segurança Pública nesta 4ª feira (30.abr).

Greenwald disse que Moraes “abusou dos poderes do TSE” ao usar informações do Tribunal que não teriam relação com as eleições. Citou o exemplo de um protesto em Nova York (EUA) contra o STF, em que o ministro teria acionado o TSE.

“Moraes usou TSE não só para assuntos eleitorais. Mas para investigar assuntos pessoais e contra pessoas em protesto contra o STF, sem assuntos eleitorais”, declarou.

Disse que, durante a produção das reportagens, ouvia muitas autoridades criticando ações de Moraes, mas que se recusavam a falar publicamente.

“Percebi que muitas pessoas expressavam críticas a Moraes na forma privada e, quando perguntei se queriam manifestar publicamente, diziam: ‘Não, não é possível’”, disse.

O jornalista afirmou ainda que Moraes criminaliza o jornalismo e usou o cargo para “censurar tudo o que ele queria censurar”.

“Ele usou todas as palavras que usa para criminalizar o jornalismo. Disse que isso foi feito por uma organização criminosa com o objetivo de desestabilizar as instituições brasileiras. […] Ele sempre interpreta qualquer crítica, reportagem, como um crime”, falou.

Durante a sessão, o jornalista foi elogiado por congressistas de oposição ao governo, como o senador Flávio Bolsonaro e o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS).





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