Arquivamento das denúncias foram feitas após aumento dado ao presidente da Comissão de Ética, Carlos Renato Azevedo
O portal LeoDias teve acesso a detalhes de um compilado de acusações de assédio moral contra o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues e outros três importantes funcionários da entidade que foram denunciados no começo de 2024. Nossa reportagem também teve acesso também às justificativas dadas pela Comissão de Ética da entidade que justificou o arquivamento das denúncias pelo fato de que as acusações foram feitas sob anonimato.
As acusações englobam fatos já noticiados por nossa reportagem como a instalação de câmeras de segurança no restaurante de funcionários da entidade, perseguição a colaboradores durante a Copa do Qatar em 2022 e outras duas denúncias que ainda serão expostas por nossa reportagem.
Em um relatório assinado pelos seis membros da comissão, a CEFB (Comissão de Ética do Futebol Brasileiro) afirmou, seguindo artigos do estatuto da entidade, que não seria possível dar prosseguimento às denúncias pois tais denúncias não poderiam ser feitas em anonimato.
O relatório usa como justificativa o inciso 1º do artigo 34 do “Regulamento das Câmaras de Investigação e de Julgamento e de seu Processo de Funcionamento” que informa que “as notícias de infração deverão ser apresentadas, vedado o anonimato ou incompleta qualificação”.

Trecho da decisão da Comissão de Ética da CBF que optou por negar denúncias contra Ednaldo Rodrigues e funcionários importantes da entidade / Reprodução
Na denúncia anônima apresentada, os funcionários e ex-funcionários que formalizaram o documento justificaram a não identificação para se preservarem de possíveis perseguições: “Que a Denúncia narrada abaixo seja aceita de forma anônima e tratada com o devido respeito e atenção, garantindo plenos direitos aos denunciantes de acordo com o sigilo e resguardo dos mesmos, de modo que qualquer atitude e ação desta Comissão não comprometa com as atividades regulares, inclusive trabalhistas, daqueles que torcem e querem o bem do futebol brasileiro”.

Em denúncia anônima, funcionários e ex-funcionários da CBF reforçam pedido de anonimato para evitar perseguições / Reprodução
No documento, também foi pedido o afastamento de Ednaldo Rodrigues, Haroldo Aguiar, diretor de TI da CBF, e Ricardo Lima, vice-presidente e presidente da Federação Bahiana de Futebol, todos alvos de denúncias. Uma vez que as denúncias sequer foram aceitas, os pedidos, por consequência, também não foram atendidos.
O relatório, entregue no dia 29 de janeiro de 2024, foi assinado pelo presidente, Carlos Renato de Azevedo Ferreira, e os seis conselheiros: Patrícia de Cássia Pereira Moreira Nogueira; Antonio Carlos de Aguiar Desgualdo; Alan Santos Muniz; Julio Gustavo Vieira Guebert; e Carolina Short Andrade.
Há cerca de duas semanas, o portal LeoDias revelou que o presidente da Comissão de Ética da CBF havia recebido um aumento salarial de 25% (de R$ 40 mil para R$ 50 mil), pouco antes de dar a referida decisão de rejeitar as denúncias. O aumento se deu pouco depois de Ednaldo Rodrigues voltar à presidência da CBF também janeiro de 2024, após decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
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CBF diz que Comissão de Ética atua de forma independente e aumentos fizeram parte de plano de reajustes na entidade
Na época a qual a notícia sobre os aumentos ao presidente da Comissão de Ética foi publicada pelo portal LeoDias, a CBF informou que o reajuste foi feito dentro de um programa de aumentos amplos feito pela entidade no começo de 2024. Além disso, a gestão de Ednaldo Rodrigues enfatizou que a Comissão de Ética atua de forma independente.
“A Comissão de Ética do Futebol Brasileiro é uma instância independente, cuja estrutura organizacional conta com seis membros, todos com direito a voto. O presidente da Comissão, cargo exercido pelo ex-desembargador Carlos Renato de Azevedo Ferreira desde 2017 – portanto muito anterior à gestão de Ednaldo Rodrigues – é apenas um desses votos.
A denúncia em questão, apresentada pela ex-diretora Luísa Xavier Rosa, foi rejeitada por unanimidade pelo colegiado – ou seja, todos os membros da Comissão de Ética votaram pelo não reconhecimento da queixa apresentada. É incoerente, portanto, atribuir a decisão por remuneração recebida por apenas um dos votantes. Importante lembrar, ainda, que a denúncia replicava outra de teor idêntico, já apreciada no ano passado, sobre a qual sequer houve recurso da parte contrária.
A respeito do aditivo concedido a Azevedo, a CBF realizou uma extensa reavaliação das remunerações de colaboradores de diversas áreas e níveis hierárquicos em janeiro do ano passado, decidindo por incrementar o pagamento de vários deles, muitos com salários congelados há anos, caso do presidente da Comissão de Ética.
Ressalte-se que, conforme determina o estatuto, todos os contratos celebrados pela Confederação Brasileira de Futebol devem ser assinados pelo presidente, pelo diretor financeiro e pelo diretor da área afim – neste caso, a de Conformidade.”
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