A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (29) um convite para que os presidentes do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e do Banco Master, Daniel Vorcaro, prestem esclarecimentos sobre as negociações em torno da compra da instituição privada pelo banco estatal. A operação, que movimenta R$ 2 bilhões, tem provocado desconfiança no mercado e motivou a bancada do Distrito Federal a apresentar um requerimento formal para tratar do tema em audiência pública.
Negócio bilionário envolvendo o BRB agira o mercado financeiro e o meio político em BrasíliaPaulo H. Carvalho/Agência Brasília
O pedido foi feito pelas senadoras Damares Alves (Republicanos) e Leila Barros (PDT) e pelo senador Izalci Lucas (PL), todos representantes do DF, onde o BRB é controlado pelo governo local. Segundo os parlamentares, a operação carece de transparência e pode trazer riscos ao banco público.
A proposta de aquisição foi divulgada pela imprensa no final de março. O BRB manifestou interesse em comprar 58% do capital total do Banco Master por R$ 2 bilhões valor que representa 75% do patrimônio consolidado da instituição. A formalização da intenção aconteceu no dia 31 de março, quando os documentos foram protocolados junto ao Banco Central.
Apesar de adquirir a maioria do capital total, o BRB ficará com 49% das ações ordinárias do Master, o que não garante o controle efetivo da gestão da empresa. O desenho da operação levantou questionamentos entre analistas financeiros e membros do Congresso.
O Banco Master é conhecido por adotar uma política agressiva de captação de recursos, oferecendo rentabilidades de até 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), bem acima das taxas praticadas por bancos de pequeno e médio porte, geralmente entre 110% e 120% do CDI. Tal estratégia gerou suspeitas sobre a sustentabilidade financeira da instituição.
Outro ponto levantado pelos senadores é que o banco ainda não divulgou seu balanço financeiro de dezembro e, recentemente, fracassou na tentativa de emissão de títulos no exterior. Também foram mencionadas operações com precatórios dívidas judiciais dos governos que colocariam em xeque a saúde financeira da instituição.
“Está causando muita inquietação”, afirmou Damares. “Entendemos que a vinda deles acalmaria a sociedade, eles trariam as explicações necessárias e a gente daria um passo no sentido de esclarecer tudo o que está acontecendo.”
A audiência pública ainda não tem data marcada. A decisão final sobre o agendamento caberá ao presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Enquanto isso, cresce a expectativa em torno do comparecimento dos dirigentes e da explicação pública para uma transação bilionária que envolve o uso de recursos de um banco público em uma instituição privada envolta em dúvidas.