A série Encantado’s, sucesso da Globo, retorna à TV aberta em abril como parte das comemorações pelos 60 anos da emissora. A produção volta com força total, trazendo novas histórias e homenagens a personagens marcantes da televisão brasileira. Renata Andrade e Thais Pontes, criadoras da série, reafirmam o compromisso com a representatividade e apostam em um humor popular, acessível e carregado de significados sociais.
Amigas há mais de duas décadas, Renata e Thais iniciaram a jornada como cronistas nas redes sociais. Desde então, avançaram juntas no mercado audiovisual, depois de passarem pela oficina de humor para roteiristas negros da Globo, em 2018.
Desse modo, abriram caminhos para roteiristas pretos em um setor historicamente excludente. “Na nova temporada vamos fazer algumas homenagens, trazer personagens clássicos da TV, teremos muitas participações especiais”, antecipou Thais.
A escolha por retratar a vivência negra com leveza e dignidade define o tom da série. “Nós, como mulheres negras, entendemos a importância do que é ter na tela pessoas negras falando de suas vivências, existindo simplesmente”, afirma Renata. A autora ressalta a relevância de ocupar funções criativas e de liderança: “É importante também que no processo existam pessoas negras com poder de escrita, de direção e em outros lugares de poder.”
Além de “Encantado’s”, Renata e Thais também assinam o roteiro do longa “Coisa de Novela”, ao lado de Lívia Leite. O filme, estrelado por Susana Vieira, presta tributo à teledramaturgia brasileira. Na história, a veterana atriz vive Tereza, uma avó que descobre estar com os dias contados e decide realizar o sonho de atuar em uma novela.
Renata entrega um detalhe curioso sobre a narrativa: “Brincamos que fizemos ‘Uma Noite No Museu’, mas nos Estúdios Globo. A Tereza entra nos estúdios, passa uma noite lá escondida e acaba sendo os olhos do público descobrindo aquele lugar mágico.”
A fala de Thais resume o espírito da obra: “Por muito tempo a gente viu pessoas negras marginalizadas no audiovisual ou vistas só pelo aspecto negativo. Com “Encantado’s” a gente optou por um outro caminho, por um lado positivo de nossas existências, da nossa presença no mundo, e no audiovisual.”
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Renata reforça que o conteúdo vai além do nicho: “A gente pretende que a série tenha vindo com toda essa força que veio, mas que ela também estimule outras histórias, outras narrativas, também de pessoas negras, para pessoas negras e não exclusivamente para pessoas negras, porque a gente não escreve exclusivamente para elas, a gente escreve para um alcance maior.”
