Rotina rigorosa de influenciador viraliza e cria alerta para produtividade tóxica

Rotina rigorosa de influenciador viraliza e cria alerta para produtividade tóxica


Influenciador chamou a atenção com rotina matinal extensa, mas psicóloga alerta para os riscos desse padrão de produtividade

Antes do meio-dia, ele já correu, nadou, treinou, leu, assistiu palestras, fez o devocional e ainda trabalhou. Essa é a rotina que viralizou de Ashton Hall, mas ele está longe de ser o único. Cada vez mais influenciadores ganham visibilidade ao compartilhar rotinas rigorosas. Para entender melhor esse fenômeno e os impactos que ele pode causar na vida de quem acompanha, o portal LeoDias conversou com uma especialista.

Mestre em psicologia clínica e pós-graduada em neuropsicologia, Beatriz Brandão alerta que, embora essas rotinas possam parecer motivacionais à primeira vista, elas escondem um perigo para os consumidores deste tipo de conteúdo. Segundo a psicóloga, elas não levam em consideração a individualidade e o contexto de cada pessoa que tenta segui-las. 

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Rotina rigorosa de influenciador viralizaFoto/Instagram

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Afinal, nem todos têm os mesmos privilégios de Ashton, como morar em um prédio bem equipado, a flexibilidade do trabalho em casa e contar com o apoio da esposa, o que pode tornar esse estilo de vida difícil de ser replicado pela maioria: “A pessoa começa o dia com a sensação de já estar em dívida consigo mesma, o que mina gradualmente o senso de autoconfiança”, afirma. 

Para Brandão, tentar se adequar a esse tipo de rotina pode gerar um padrão irreal de produtividade e levar a uma grande insatisfação. “Muitos pacientes se sentem constantemente insuficientes por não conseguirem replicar esse modelo que circula nas redes. Isso gera um ciclo de comparação social que, como já demonstrado em estudos sobre redes sociais e saúde mental, pode aumentar significativamente os níveis de ansiedade”, completa.

Beatriz explica que, ao tentar seguir um modelo que não leva em conta as limitações e realidades individuais, as pessoas podem se sentir sobrecarregadas e frustradas por não conseguirem atingir essas expectativas inatingíveis. Mas existem formas de consumidor esse tipo de conteúdo, sem necessariamente incitar uma comparação tóxica.

A psicóloga ressalta que é fundamental avaliar como os seguidores se sentem ao consumir esse tipo de conteúdo: “É importante observar o efeito que esse conteúdo gera emocionalmente. Se o impacto for leve, motivador e adaptável à sua realidade, há inspiração. Mas se, ao assistir, a pessoa sente culpa, vergonha ou a sensação de que está sempre aquém, então estamos falando de comparação tóxica”. 

Por fim, Brandão explica como saber se estamos focados ou apenas nos forçando a seguir algo que não faz sentido para nós: “A disciplina está a serviço de um propósito interno e costuma trazer uma sensação de coerência e construção. A chave é investigar a motivação: estou fazendo isso porque me aproxima de algo que desejo ou apenas por medo de não estar ‘à altura’ do que esperam de mim?”, a especialista questiona. 



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