Ao Portal LeoDias, especialistas explicam como os dramas familiares podem afetar a reputação dos monarcas da Europa
Mimados e teimosos, ou irreverentes e rebeldes? Independente de como você preferir chamar, a verdade é que as novas gerações já são parte das famílias reais da Europa; com todos os conflitos geracionais que fazem jus ao pacote.
Seja o Príncipe Harry do Reino Unido ou a Princesa Sofia da Espanha, os herdeiros reais fazem muito mais do que virarem notícia para os portais de fofoca: ao desafiarem os próprios pais, eles desafiam as próprias coroa que um dia poderiam herdar. Entenda a seguir.
Veja as fotos
Nascidos entre 1981 e 1996, os millenials são conhecidos por serem uma geração faminta pela própria independência e por insistirem em seguir os próprios caminhos, preferindo às vocações ao foco nas responsabilidades – assim como alguns veem um certo príncipe inglês.
Para Artur Costa, professor sênior da Associação Brasileira de Psicanálise Clínica, os comportamentos de Harry nada mais são do que um reflexo de uma vida de pressões e falta de identidade, impostas ao jovem que teve que viver às sombras da mãe, a Princesa Diana, e do irmão, o Príncipe William.
“Nas famílias reais, os filhos não têm só pais, eles têm um ’trono’ como herança; e isso muda tudo. A culpa, o medo de decepcionar e o esforço constante para se adequar às regras acabam sufocando a individualidade”, argumenta o psicanalista.
Mesmo com 22 anos de diferença, o caso não é diferente com a Princesa Sofia, segunda na linha de sucessão da Família Real espanhola.
Prestes a completar 18 anos, Sofia faz parte da polêmica Geração Z, infames pelo seu desprendimento com as tradições e normas sociais impostas pelas gerações passadas.
Durante a infância, a princesa era considerada como exemplo pelos mais apaixonados da dinastia espanhola, mas prestes a completar a maioridade, a Infanta Sofia começou a mostrar sinais da própria independência.
Depois de ser usada pela mãe, a Rainha Letizia, nas tentativas de tirar a irmã mais velha, Princesa Leonor, do treinamento militar – inclusive com um plano mirabolante para trazer a primogênita para a festa de 18 anos da caçula – Sofia teria decidido que não voltará para Madri após terminar o internato no Reino Unido.
“Muita gente acha que isso é rebeldia, mas na maioria das vezes é um grito por identidade. Esses jovens querem ser reconhecidos não pelo cargo ou pelo sangue azul, mas por quem são de verdade”, avalia o psicanalista.
Repercussões dos dramas na Família Real
Os dramas da família real, seja ela qual for, não são muito mais que assuntos para os sites, redes sociais e produções do cinema e streaming.
Segundo explica o pesquisador de cultura política e comportamento Diego Guimarães Pedras, os escândalos midiáticos pouco a pouco começam a afetar a imagem impecável que as realezas cuidadosamente tentam manter por gerações e, de tempos em tempos, forçam os monarcas a tomar decisões para evitar uma verdadeira crise.
“Esses episódios frequentemente geram críticas e desilusões, especialmente quando envolvem denúncias de racismo, má gestão de recursos públicos, abusos de poder ou simplesmente comportamentos percebidos como incompatíveis com o papel simbólico que essas figuras desempenham”, diz o pesquisador
“A depender do grau do escândalo, isso pode abalar a legitimidade moral da monarquia e a percepção da sua utilidade dentro da sociedade democrática moderna”, frisa Pedras.
Entre esses episódios, podemos citar quando o antigo rei da Espanha, Juan Carlos I, precisou passar a coroa ao filho e atual monarca, Filipe VI, em 2014.
O episódio em questão foi quando o rei, respeitado pelo povo por sua decisão de estabelecer um parlamento democrático na Espanha, enfrentava denúncias de corrupção em meio a flagras de encontros e viagens internacionais com uma amante.
Outros, no entanto, acreditam que esse não é o caso das novas gerações
Para o professor de Relações Internacionais da ESPM Demétrius Pereira não estão simplesmente criando escândalos como os antecepassados, mas dando chance a diálogos sobre uma modernização da realeza.
“As monarquias realmente vem se modernizando como um todo. Eu vejo esse como um movimento de hoje como algo natural e, como algo positivo, que acabam quebrando tradições do passado e aproximando as monarquias da sociedade”, afirma.