Trombofilia e Gravidez: a condição silenciosa que pode comprometer a maternidade

Trombofilia e Gravidez: a condição silenciosa que pode comprometer a maternidade


A trombofilia, muitas vezes desconhecida, pode afetar a gestação em diferentes fases; diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais para garantir uma gravidez segura

Freepikgravidez
O acompanhamento deve ser feito por obstetra especializado em gestações de alto risco, com monitoramento rigoroso da mãe e do feto

Muitas pessoas ouviram falar de trombofilia pela primeira vez durante a pandemia de covid-19, já que a infecção provocava em parte dos pacientes um aumento da coagulação, levando a eventos como trombose, derrames ou infartos. Mas a trombofilia é uma condição que vai além: como o próprio nome indica, trata-se da tendência aumentada de formação de trombos (coágulos) em diversas partes do corpo.

A trombofilia pode ser hereditária — quando transmitida geneticamente — ou adquirida, surgindo após doenças como a covid-19 ou condições autoimunes, como a síndrome do anticorpo antifosfolípide. Entre as formas hereditárias, destacam-se a mutação do fator V de Leiden e a mutação do gene da protrombina. Ambas alteram mecanismos naturais da coagulação, favorecendo o aparecimento de trombos em situações de maior risco, como a gestação.

cta_logo_jp

Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp!

Trombofilia e seus impactos na gravidez

Na vida da mulher, a maior chance de trombose ocorre justamente durante a gestação e no puerpério, que abrange as primeiras seis semanas após o parto. A gravidez, por si só, é uma fase em que o sangue se torna mais propenso à coagulação — uma adaptação natural do corpo para prevenir hemorragias. No entanto, em mulheres com trombofilia, esse risco é amplificado.

A presença de trombofilia pode levar a complicações como:

  • abortamentos recorrentes no primeiro trimestre
  • doença hipertensiva da gestação (pré-eclâmpsia)
  • restrição do crescimento intrauterino
  • descolamento prematuro da placenta
  • óbito fetal tardio

Em fases mais avançadas da gestação, tromboses placentárias (infartos da placenta) podem comprometer o bem-estar fetal, exigindo monitoramento intenso e, muitas vezes, antecipação do parto.

Quando suspeitar e como diagnosticar

Deve-se suspeitar de trombofilia hereditária diante de histórico pessoal ou familiar de trombose — principalmente se os eventos ocorreram antes dos 50 anos — ou em mulheres que enfrentaram complicações gestacionais, como duas ou mais perdas gestacionais consecutivas, restrição de crescimento fetal ou pré-eclâmpsia grave.

O diagnóstico é realizado por meio de exames de sangue específicos, que devem, idealmente, ser coletados fora do período gestacional ou durante pausas no uso de medicamentos anticoagulantes para maior precisão.

Tratamento e cuidados essenciais

Após o diagnóstico, o tratamento inclui o uso de anticoagulantes, como a heparina de baixo peso molecular, que é segura durante a gravidez, e o ácido acetilsalicílico em baixas doses. O objetivo é reduzir o risco de trombose placentária e favorecer a evolução saudável da gestação.

O acompanhamento deve ser feito por obstetra especializado em gestações de alto risco, com monitoramento rigoroso da mãe e do feto durante toda a gravidez e no pós-parto.

Além disso, é importante reconhecer e prevenir outros fatores que aumentam o risco de trombose, como:

  • viagens aéreas prolongadas
  • infecções
  • períodos de imobilização
  • uso de anticoncepcionais ou hormônios para tratamento de infertilidade

Medidas simples, como a utilização de meias de compressão e a prática de movimentação regular em viagens longas, podem ser orientadas pelo médico para minimizar esses riscos.

Considerações finais

Embora a trombofilia seja uma condição silenciosa, seu impacto na gravidez pode ser significativo. O diagnóstico precoce, o planejamento da gestação e o tratamento adequado aumentam consideravelmente as chances de sucesso reprodutivo e de uma gestação segura. Com a medicina moderna e o acompanhamento correto, mulheres com trombofilia podem realizar o sonho da maternidade de forma saudável e segura.

*Por Dani Ejzenberg (CRM 100673)
Ginecologista e especialista em Reprodução Assistida – Clínica Nilo Frantz





Source link