Congresso em Foco

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Foi uma semana difícil para Jair Bolsonaro e seu partido, o PL. O ex-presidente permanece internado num hospital, sem prazo para alta médica, após nova cirurgia no abdômen. Ele comandou uma live diretamente da UTI, ao lado do ex-piloto Nelson Piquet, para fazer propaganda de capacetes de grafeno, produto de uma empresa em que são sócios. A transmissão publicitária ao vivo da UTI foi um fracasso para os padrões de Bolsonaro menos de mil pessoas assistiram. Diante da pública demonstração de vigor do paciente, o STF considerou que ele estaria apto a receber intimação para apresentar defesa num dos processos em que é réu por tentativa de golpe de estado. Não se sabe quantos capacetes foram vendidos na promoção da UTI.

Lula e os presidentes da Câmara e do Senado

Lula e os presidentes da Câmara e do SenadoRicardo Stuckert/Presidência da República

Não foi o único revés. A principal bandeira de Bolsonaro e do PL, o projeto de anistia para os condenados da tentativa de golpe de estado, foi rejeitada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, mesmo depois de um pedido formal de urgência para tramitação do projeto. Ele teve apoio de quase todos os líderes partidários para a decisão e afirmou que sua proridade é a agenda econômica, com foco imediato na isenção do Imposto de Renda. O PL ficou isolado, em companhia apenas dos quatro deputados do Novo.

O Centrão ajudou o presidente da Câmara a derrotar a pauta bolsonarista. Motta tem conversado com Lula, com quem vem se entendendo muito bem desde a viagem ao Japão, em março. O presidente também se aproxima do senador Davi Alcolumbre. Entregou-lhe o Ministério das Comunicações. O senador indicou Frederico de Siqueira Filho, ex-presidente da Telebrás, resolvendo o constrangimento provocado pela desistência do líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas.

Nada disso, porém, é necessariamente boa notícia para Lula. Deputados de partidos com cargos no governo formaram maioria entre os que apoiaram o requerimento do PL de Bolsonaro para votação urgente de uma anistia. Mostra interesses difusos no respaldo legislativo a um governo que não comanda sua base parlamentar. A recusa do ministério pelo líder da bancada do União Brasil na Câmara é, também, evidência de que o poder de atração do governo anda baixo.

Na Esplanada, esse partido tem três ministros. Fora do perímetro governamental, o União Brasil embala a candidatura presidencial de Ronaldo Caiado, governador de Goiás e adversário de Lula. Além disso, deve compor uma federação com o PP que também está no governo. Ambos mantêm um pé em cada canoa, como faz o PSD de Gilberto Kassab.

Lula se equilibra nesse ambiente gelatinoso e deve continuar assim até o fim do mandato. Com as emendas parlamentares alcançando R$ 50 bilhões por ano, o Executivo perdeu boa parte do encanto. Entre cargos, verbas e acordos, a campanha presidencial ainda não ganhou rumo definido. Nem Lula bateu o martelo para sua candidatura nem o adversário apareceu. Nesse ritmo, será cada dia com sua agonia.



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