Nos últimos dias uma crise se instalou no governo Lula e tem agitado os bastidores do Planalto devido a ausência de um ministro no Ministério das Comunicações e a Operação da Polícia Federal que descobriu uma fraude bilionária no INSS
A ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Vaticano, para o funeral do papa Francisco, provocará uma pausa temporária em decisões relevantes da política nacional. Com embarque programado para a noite desta quinta-feira (24/4) e retorno previsto para sábado (26/4), o chefe do Executivo deve deixar em suspenso diversas definições pendentes em seu governo em meio a crise envolvendo o Ministério da Educação e a fraude bilionária descoberta no INSS.
A ausência do presidente acontece em meio a crise que se instalou no governo nos últimos dias, especialmente diante da vacância, quando um cargo público fica desocupado, no Ministério das Comunicações. O deputado federal Pedro Lucas (União-MA), cotado para assumir o lugar de Juscelino Filho, recusou o convite. A liderança que ele ocupa na Câmara é recente, e o partido ainda enfrenta disputas internas por espaço, o que contribuiu para a rejeição à nomeação.
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Agora, o governo busca um novo nome para o posto. Uma alternativa considerada é a indicação de Frederico de Siqueira Filho, atual presidente da Telebras, sugerido pelo partido na noite de quarta-feira. Ainda assim, Lula não oficializou a escolha. Existe também a possibilidade de que a decisão final venha de uma articulação com o senador Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Congresso Nacional.
A reforma ministerial é outro tema que segue sem desfecho. Apesar de mudanças pontuais em pastas sob comando do PT, aliados vêm pressionando por uma reestruturação mais ampla que melhore a governabilidade e intensifique a articulação política do Executivo com o Legislativo.
Antes de deixar Brasília, Lula se reuniu com Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, além de líderes de diversos partidos. O encontro foi uma tentativa de estreitar os laços com o Parlamento — algo que tem sido alvo de críticas por parte de congressistas, especialmente pela dificuldade do governo em aprovar projetos prioritários. “O que apuramos é que a maioria dessas pessoas não tinha autorizado esses descontos, que eram em sua maioria fraudados, em função de falsificação de assinaturas e de uma série de artifícios para simular essa que não era uma vontade real dessas pessoas”, disse Carvalho.
Fraude bilionário no INSS
Outro fato que agitou os bastidores do Planalto nesta semana foi a operação da Polícia Federal, que resultou na exoneração do presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, e de outros membros da diretoria. A ação investiga um esquema de descontos não autorizados aplicados por entidades em benefícios de aposentados e pensionistas.
A viagem internacional também causou o cancelamento de visitas que Lula faria a Porto Velho (RO) e Parauapebas (PA), onde estavam previstos anúncios ligados à reforma agrária e apresentação de ações do governo federal.
A comitiva presidencial que seguirá para a Itália contará com a presença de figuras centrais do cenário político brasileiro. Lula convidou os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) para acompanhá-lo no funeral. Hugo Motta (Republicanos-PB), Davi Alcolumbre (União-AP) e o ministro Luís Roberto Barroso aceitaram o convite. Outros nomes do governo e do Congresso também podem integrar o grupo, embora o Vaticano tenha limitado o número de participantes a cinco — vagas que já estão preenchidas por Lula, Janja da Silva e os três chefes dos Poderes.