Corredor de 2.400 km atravessa 4 países e deve reduzir custos logísticos, ampliar comércio regional e aproximar América do Sul da Ásia
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), e o presidente do Chile, Gabriel Boric (Frente Ampla), apresentaram nesta 4ª feira (23.abr.2025) mais detalhes sobre a Rota Bioceânica de Capricórnio, que conectará o sul do Brasil ao norte chileno por meio de uma estrada de mais de 2.400 km. A previsão de conclusão é 2026.
Segundo Tebet, a rota –que atravessará Brasil, Paraguai, Argentina e Chile– pode dobrar as exportações e importações entre os 2 países, além de baratear a carne exportada para o mercado chileno em 24%, bem como os pescados que chegam ao Brasil.
“Nós estamos falando, nessa rota, em diminuir o custo, portanto, colocar carne mais barata na mesa do trabalhador chileno em algo em torno de 24%. Da mesma forma, precisamos comprar salmão mais barato do Chile. Ele vem pelo Estreito de Magalhães (no sul da América do Sul) para depois entrar (no Brasil). Então, tenho certeza que também compraremos pescados mais baratos do Chile”, disse Tebet no Fórum Empresarial Chile-Brasil, em Brasília.
Em 2024, as exportações totais do Brasil alcançaram US$ 337 bilhões. As economias da América do Sul, juntas, compraram do país quase US$ 37 bilhões, 11% do total.
O continente foi o 2º principal destino das exportações brasileiras, com o Brasil vendendo mais para o Chile, Paraguai, Colômbia e Uruguai do que para países como Alemanha, Portugal, Reino Unido e Rússia.
Além disso, a iniciativa promete fortalecer o comércio sul-americano com o mercado do Pacífico asiático, com a integração dos terminais portuários do sul do Brasil aos portos chilenos de Antofagasta, Iquique e Mejillones.
A expectativa é que o corredor reduza em até 10 dias o tempo de transporte de cargas entre regiões do interior do Brasil e países como China, Coreia do Sul e Japão.
INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA
A Rota Bioceânica de Capricórnio é uma das cinco previstas no projeto Rotas de Integração Sul-Americana.
O Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê 190 obras para os corredores de integração, entre:
- 40 hidrovias;
- 35 aeroportos;
- 21 portos;
- 65 rodovias;
- 15 infovias;
- 9 ferrovias; e
- 5 linhões de energia.
Segundo o governo federal, serão destinados US$ 10 bilhões para o projeto de integração, sendo
- US$ 3 bilhões pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para uso exclusivo em obras no Brasil; e
- US$ 7 bilhões disponibilizados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata) para financiar projetos em todos os países envolvidos.
As obras já estão em andamento. A Rota 2 (Amazônica) será a 1ª a ser inaugurada, com previsão de ser entregue durante a COP30, em novembro. Todas as demais devem estar estruturadas até 2028.
