Durante uma sessão na Comissão de Assuntos Econômicos no Congresso, o presidente do BC enfatizou que a alimentação no domicílio, dentro dos valores livres, é o grupo mais afetado pela desvalorização do real

Os impactos do câmbio no preço dos alimentos têm se tornado uma preocupação crescente para o Banco Central do Brasil. Durante uma sessão na Comissão de Assuntos Econômicos no Congresso, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou a relação direta entre a depreciação cambial e a inflação dos alimentos. Segundo Galípolo, uma depreciação de 10% no câmbio pode resultar em um aumento de 1,4 ponto percentual na inflação dos alimentos. Ele enfatizou que a alimentação no domicílio, dentro dos preços livres, é o grupo mais afetado pela desvalorização do real. Isso ocorre porque os custos de produção na agricultura e pecuária são frequentemente dolarizados, devido à compra de insumos como ração, fertilizantes e defensivos.
Galípolo explicou que mais da metade das despesas dos empreendimentos rurais está, de alguma forma, ligada ao câmbio. Ele detalhou que entre 60% e 70% da produção de commodities e alimentos no país tem uma correlação direta ou elevada com a taxa de câmbio. Essa dependência cambial é um fator crucial na formação dos preços dos alimentos, impactando diretamente o bolso dos consumidores. A volatilidade cambial, portanto, não apenas afeta os produtores, mas também se reflete nos preços finais pagos pelos consumidores nos supermercados.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou um aumento de 0,56% em março, com a inflação oficial acumulada dos últimos 12 meses atingindo 5,48%, segundo o IBGE. O grupo Alimentação e Bebidas foi o principal responsável pela alta, acelerando de 0,70% em fevereiro para 1,17% em março, representando cerca de 45% do IPCA do mês. Esses números evidenciam a pressão que a desvalorização cambial exerce sobre os preços dos alimentos, tornando-se um desafio significativo para o controle da inflação no país.