Foi o quarto pregão consecutivo de recuo da moeda americana; Ibovespa estende alta da véspera, com o respaldo de uma retórica mais branda de Trump com relação às tarifas contra a China e sobre o Fed

Após tocar o nível R$ 5,65 pela manhã, o dólar reduziu bastante o ritmo de queda ao longo da tarde, em sintonia com o comportamento da moeda americana no exterior, e encerrou a sessão desta quarta-feira (24), em baixa 0,16%, cotado a R$ 5,7190. Foi o quarto pregão consecutivo de recuo do dólar, que já apresenta desvalorização de 1,46% na semana.
Os negócios no mercado de câmbio local refletiram a melhora do apetite externo ao risco após Donald Trump, ontem à noite, negar a intenção de demitir o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e acenar com uma redução de tarifas a produtos chineses, em uma aparente tentativa de buscar um acordo comercial com o gigante asiático.
Parte da perda de fôlego do real ao longo da tarde se deu em meio ao avanço da taxa dos Treasuries de 2 anos e a novas máximas do índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes. Operadores também afirmam que o recuo de mais de 2% dos preços do petróleo também pesou sobre as divisas emergentes.

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Após Trump dizer ontem à noite que as tarifas aos produtos chineses estavam muito altas, circularam hoje pela manhã informações, atribuídas a fontes da Casa Branca, de que o presidente dos EUA estaria disposto a reduzir tarifas de importação sobre a China de 145% para uma faixa entre 50% e 65%.
No início da tarde o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, refutou a ideia de que Trump propôs retirar unilateralmente as tarifas sobre a China. Já o presidente americano disse que pretende “fazer um acordo de comércio justo” com os chineses, embora tenha repetido que tanto a China quanto a União Europeia “estão se aproveitando dos EUA”. O Ministério do Comércio da China deu sinais de que está aberto a discussões, mas ressaltou que não vai negociar um acordo sob ameaças do governo americano.
O real apresentou o melhor desempenho entre as moedas emergentes latino-americanas, o que pode refletir tanto questões técnicas do mercado cambial quanto o nível mais elevada da taxa de juros brasileira, que desencoraja o carregamento de posições compradas em dólar e estimula operações de carry trade quando o apetite ao risco melhora.
Durante palestra em seminário promovido pelo JPMorgan, em Washington, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Nilton David, afirmou hoje que a política monetária é hoje “a mais contracionista dos últimos tempos”, com a alta recentes de 300 pontos-base. A fala do diretor foi interpretada por analistas como um sinal de que o atual ciclo de aperto monetário está perto do fim.
Bolsa de Valores
O Ibovespa estende alta da véspera e fecha no nível de 132 mil pontos pela primeira vez desde 27 de março, com o respaldo de uma retórica mais branda de Trump, tanto com relação às tarifas contra a China quanto sobre o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. O rali só não foi mais expressivo por conta da queda de mais de 2% dos contratos futuros de petróleo, que pesam nos papéis de petrolíferas como Petrobras.
Com giro financeiro de R$ 24,2 bilhões, o Ibovespa fechou em alta de 1,34%, aos 132.216,07 pontos. Trata-se do maior nível de fechamento desde 27 de março, quando a referência da B3 fechou aos 133.148,98 pontos.
Trump afirmou ontem que as tarifas de 145% sobre a China são “muito altas”. O republicano pontuou que o nível tarifário “não vai ser zero”, mas destacou que a tendência é de que caia “bastante”. Fontes ouvidas pela Dow Jones indicam que o governo Trump considera reduziras tarifas sobre a China para algo entre 50% e 65%.
Motivo de alvoroço nos mercados americanos na segunda-feira (quando era feriado de Tiradentes no Brasil), os atritos entre Trump e Powell também parecem ter perdido força. O presidente dos EUA afirmou que “não tem intenção” de demitir o presidente do Fed.
Na ponta positiva, JBS (+6,38%) é beneficiada pelo avanço no processo de dupla listagem, via BDRs na B3 e também na Nyse. Entre as blue chips, grandes bancos avançaram em bloco, da Unit do Santander Brasil (+0,52%) até a ação ordinária do Bradesco (+3,30%), enquanto Vale – que divulga balanço do primeiro trimestre de 2025 amanhã – avançou 1,19%.
Já Petrobras caiu 1,13% (PN) e 0,73% (ON), penalizada pelo recuo de 2% dos contratos futuros de petróleo, após a Reuters revelar que diversos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) têm feito pressão para acelerar a retomada da produção a partir de junho.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira