Instituição aponta ainda que América Latina enfrenta cenário de incerteza global com juros elevados
O panorama econômico da América Latina e do Caribe está cada vez mais desafiador, segundo o mais recente relatório do Banco Mundial, divulgado nesta quarta-feira (23/4). A instituição revisou para baixo suas estimativas de crescimento regional e alertou que o ritmo de expansão será o mais lento entre todas as regiões globais. A previsão para o Brasil também foi ajustada negativamente: o país deve crescer apenas 1,8% em 2025, queda em relação aos 2,2% projetados anteriormente.
Entre os principais fatores que motivaram a revisão estão o adiamento de cortes nas taxas de juros em países desenvolvidos, o impacto da desaceleração da economia chinesa e as restrições ao comércio internacional, intensificadas pelas medidas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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Outros países latino-americanos também foram afetados pelas novas projeções. O México, por exemplo, teve sua estimativa de crescimento reduzida para 0% em 2025. Já a Argentina foi exceção: o crescimento esperado subiu para 5,5%, apoiado por um recente acordo de 20 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Durante as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, em Washington, o vice-presidente da instituição para a região, Carlos Felipe Jaramillo, declarou que os países latino-americanos precisam “recalibrar suas estratégias e adotar reformas práticas e ousadas” diante do novo contexto global. Ele ressaltou que a região precisa aumentar a resiliência diante de choques externos.
William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, destacou os caminhos possíveis para acelerar o crescimento na região: acesso à tecnologia, ampliação da lista de destinos de exportação e estratégia de near-shoring, ou seja, realocação de fábricas para regiões mais próximas aos mercados consumidores.
A sustentabilidade fiscal continua sendo uma preocupação na economia global. O relatório do Banco Mundial aponta que a dívida pública da América Latina subiu para 63,3% do PIB em 2024, ante 59,4% em 2019, sinalizando que os gastos dos governos continuam elevados.
Ao contrário do FMI, o Banco Central prevê uma expansão de 1,9% este ano para a economia brasileira. Já o Ministério da Fazenda, do Governo do presidente Lula, mantém estimativas mais otimistas: 2,3% em 2025 e 2,5% em 2026.
Especialistas indicam que a forte performance do setor agropecuário poderá sustentar o crescimento no curto prazo, mas alertam para uma possível desaceleração gradual. A inflação ainda resistente e uma política monetária restritiva devem continuar a afetar o crédito e limitar o consumo nos próximos trimestres.