Saiba quem são cardeais favoritos a suceder ao papa 

Saiba quem são cardeais favoritos a suceder ao papa 


Lista elaborada por vaticanista aponta 12 cardeais cotados para suceder Francisco; não há brasileiros ou sul-americanos na lista 

Com a morte do Papa Francisco nesta 2ª feira (21.abr.2025), os cardeais, seus colaboradores mais próximos, serão responsáveis por eleger o sucessor. Lista do site The College of Cardinals Report enumera os cardeais mais prováveis de sucedê-lo. Não há brasileiros na lista.

A lista foi elaborada pelo vaticanista Edward Pentin, junto a uma equipe de jornalistas e especialistas católicos. Os cardeais não estão elencados em um ranking da autoridade religiosa mais ou menos papável. No site, há ainda o perfil de todos os 40 cardeais vivos.

Além de não haver brasileiros, não há sul-americanos na lista. Seis cardeais foram nomeados pelo papa Francisco, 5 por Bento e 1 por João Paulo 2º.

Conheça os apontados como mais prováveis de suceder o papa:

Cardeal Péter Erdő 

– Arcebispo Metropolitano de Esztergom-Budapeste

  • nasceu na Hungria, em 25.jun.1952
  • 72 anos
  • nomeado cardeal por João Paulo 2º em 2003
  • ocupa a posição diocesano do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja Santa Maria Nova

Conservador e forte opositor do comunismo, Péter Erdő diz ter crescido sob o regime que tentava “controlar as pessoas”, o que teria prejudicado a sua família, que teria ficado sob suspeita do Estado por causa da fé católica e sido forçada a fugir em 1956. Erdō nega o universalismo, a ideia de que todos são salvos, mas, ainda assim, acredita que todos podem ser salvos. Ele defende firmemente a existência da lei natural. É contra a aceitação de uniões homossexuais, mas diz ser a favor do apoio pastoral para aqueles que “sofrem” de atração pelo mesmo sexo. É fortemente pró-vida e se opõe ao celibato opcional para padres.

Péter Erdő

Cardeal Matteo Zuppi 

– Arcebispo de Bolonha, Itália

  • nasceu na Itália, em 11.out.1955
  • 69 anos
  • nomeado cardeal por Francisco em 2019
  • ocupa a posição diocesano do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja Santo Egídio

Matteo Zuppi é favorito da ala política de esquerda da Igreja Católica. Apelidado de “padre de rua”, sua abordagem é sobre “rejeitar o ódio”, abraçar o pluralismo religioso e ir às periferias para ajudar os pobres e marginalizados. Ele também defende a inclusão e o acolhimento de homossexuais, divorciados, muçulmanos, judeus e se preocupa com a situação dos migrantes. Lidera uma das dioceses mais ricas do mundo, graças a uma doação de US$ 1,8 bilhão à Arquidiocese de Bolonha alguns anos antes de sua nomeação.

Matteo Maria Zuppi

Cardeal Robert Sarah 

– Prefeito Emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos

  • nasceu em Guiné, em 15.jun.1945
  • 79 anos
  • nomeado cardeal por Bento XVI em 2010
  • ocupa a posição emérito do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja São João Bosco na Via Tuscolana

Considerado ortodoxo, diferentemente de Francisco, Sarah faz discursos contra o aborto, a homossexualidade e o islamismo. Considera-os “males contemporâneos”. Escreveu texto em que defende o celibato sacerdotal e abordava a crise no sacerdócio. O lançamento foi próximo à exortação apostólica (recomendação) do Papa Francisco sobre o Sínodo da Amazônia, que abordava flexibilizar o celibato sacerdotal obrigatório na região amazônica devido à escassez local de padres. O cardeal é muito ativo nas redes sociais e tem mais de 140.000 seguidores no X. Se escolhido, seria o 1º papa africano desde o Papa Gelásio I, no século V.

Cardeal Luis Tagle 

– pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização 

  • nasceu nas Filipinas, em 21.jun.1957
  • 67 anos
  • nomeado cardeal por Bento XVI em 2012
  • ocupa a posição curial do tipo cardeal-bispo
  • é titular da Igreja San Felice da Cantalice a Centocelle

Chamado de “Francisco Asiático”, segundo o perfil do site, Luis Tagle tem uma visão eclesiológica progressista — embora evite o rótulo. Ele sustenta que há situações em que “os princípios morais universais” não se aplicam, como no caso da homossexualidade e da comunhão de casais que vivem juntos sem se casarem. Embora critique com menos veemência do que alguns de seus colegas bispos, já se posicionou contra o aborto e a eutanásia. Ele acredita que a Igreja precisa “aprender sobre seus ensinamentos de misericórdia”, em parte, devido às “mudanças nas sensibilidades culturais e sociais”.

Luis Antonio Gokim Tagle

Cardeal Malcolm Ranjith 

– Arcebispo Metropolitano de Colombo, Sri Lanka

  • nasceu no Sri Lanka, em 15.nov.1947
  • 77 anos
  • nomeado cardeal por Bento XVI em 2012
  • ocupa a posição diocesano do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja San Lorenzo in Lucina

O cardeal Ranjith é descrito como um eclesiástico polivalente, conservador, com uma visão profundamente pastoral. Como o país tem uma sociedade mais tradicional, ele se envolve menos com questões como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a eutanásia, mas adota uma visão inflexível sobre cada uma delas. Defende firmemente os ensinamentos da Igreja, acredita na importância de proteger a vida humana e condena a “colonização ideológica”.

Cardeal Pietro Parolin 

– Secretário de Estado do Vaticano

  • nasceu na Itália, em 17.jan.1955
  • 70 anos
  • nomeado cardeal por Francisco em 2014
  • ocupa a posição curial do tipo cardeal-bispo
  • é titular da Igreja Santi Simone e Giuda Taddeo na Torre Angela

Parolin é conhecido por sua competência diplomática e pragmatismo. Críticos o classificam como “um progressista modernista” com uma “visão globalista” que coloca a ideologia e as soluções diplomáticas acima das “verdades da fé”. Apoiadores o classificam como um “idealista corajoso” que quer construir um novo futuro para a Igreja no século XXI. Ele, contudo, tem pouca experiência pastoral. Sua carreira no sacerdócio foi dedicada à diplomacia e à administração do Vaticano. Com uma perspectiva eclesial e política semelhante à de Francisco, ele é visto como um sucessor natural do atual papa se os cardeais eleitores quiserem uma figura de continuidade. É apontado, porém, como alguém que deveria perseguir muitas, senão todas, as reformas radicais de Francisco, mas de uma forma silenciosa, sutil e diplomática.

Cardeal Pierbattista Pizzaballa
– Patriarca Latino de Jerusalém

  • nasceu na Itália, em 21.abr.1965
  • 60 anos
  • nomeado cardeal por Francisco em 2023
  • ocupa a posição diocesano do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja Sant’Onofrio

Pouco se sabe sobre a teologia ou as posições doutrinárias do cardeal Pizzaballa, em parte porque ele raramente aborda questões controversas. Mas, segundo suas palavras e ações, respeita as tradições e práticas ortodoxas da Igreja, mas se mantém aberto à modernidade. Ele dá grande importância às questões relacionadas ao Oriente Médio. Trata árabes e israelenses com igualdade, mas atribui mais simpatia ao povo palestino. Pizzaballa tem várias semelhanças com Francisco. Ele despreza o clericalismo e se preocupa com os migrantes e o diálogo inter-religioso. Deseja que a Igreja seja aberta a todos, mas acredita que “isso não significa que ela pertença a todos”. Acredita firmemente que as mudanças na Igreja não são nada a temer, porque não é o homem que faz a Igreja, “mas Cristo [que] a conduz”. Se opôs ao fechamento de igrejas durante a Covid-19.

Cardeal Fridolin Ambongo Besungu
– Arcebispo de Kinshasa, República Democrática do Congo

  • nasceu na República Democrática do Congo, em 24.jan.1960
  • 65 anos
  • nomeado cardeal por Francisco em 2019
  • ocupa a posição diocesano do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja San Gabriele Arcangelo all’Acqua Traversa

O cardeal, que se descreve como um “sentinela”, critica abertamente o governo congolês, sendo líder da oposição política ao presidente Félix-Antoine Tshisekedi Tshilombo. Ambongo tornou-se tão veemente opositor do governo que o promotor público do Tribunal de Cassação congolês o acusou de “comportamento sedicioso que levou a atos criminosos” em 2024. Seu foco são os temas da justiça social, desigualdade de riqueza e questões políticas. Defende a família, o celibato sacerdotal e os ensinamentos morais da Igreja. Contudo, considera o batismo desnecessário para a salvação e se contenta com que os protestantes permaneçam protestantes e os muçulmanos permaneçam muçulmanos. Acredita que “caminhar juntos” seja a “nova maneira de ser Igreja”.

Cardeal Willem Eijk

– Arcebispo Metropolitano de Utrecht, Holanda

  • nasceu na Holanda, em 22.jun.1953
  • 71 anos
  • nomeado cardeal por Bento XVI em 2012
  • ocupa a posição diocesano do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja São Calisto

Considerado um ortodoxo sólido e pró-vida, Eijk é formado em medicina e teologia. Sua experiência como médico e teólogo moral lhe deu ferramentas para abordar questões de vanguarda com consequências de vida ou morte, especialmente a eutanásia e a fertilização in vitro. Por isso, também foi um fervoroso defensor da vacinação contra o coronavírus. Teve a tarefa de fechar muitas paróquias na Holanda, incluindo a própria Igreja local, o que atraiu críticas consideráveis ​​de todos os lados. Defende que o matrimônio seja apenas entre um homem e uma mulher. Sua insistência nos ensinamentos de Cristo sobre um sacerdócio celibatário exclusivamente masculino tem sido um sinal de contradição para alguns.

Cardeal Anders Arborelius 

– Bispo de Estocolmo, Suécia

  • nasceu na Suíça, em 24.set.1949
  • 75 anos
  • nomeado cardeal por Francisco em 2016
  • ocupa a posição diocesano do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja Santa Maria dos Anjos

Arborelius defende os ensinamentos da Igreja sobre a vida, o celibato sacerdotal e se opõe à ordenação de mulheres. Ele acredita na “natureza imutável” dos ensinamentos morais da Igreja, especificamente no que diz respeito à ética sexual e ao gênero. O cardeal adota uma visão mais pragmática sobre o diálogo inter-religioso e o ecumenismo. Como muitos de seus compatriotas, tem uma fervorosa preocupação com o meio ambiente, apoiando uma lei internacional contra o “ecocídio”. Ele se alinha ao Papa Francisco em relação à migração. Defende a imigração, inclusive de muitos muçulmanos, e pede diálogo e maior integração em vez de qualquer imposição de restrições.

Cardeal Charles Bo 

– Arcebispo de Yangon, Mianmar

  • nasceu em Mianmar, em 29.out.1948
  • 76 anos
  • nomeado cardeal por Francisco em 2015
  • ocupa a posição diocesano do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja Sant’Ireneo a Centocelle

Em particular, Charles Bo apoia a sinodalidade, a ênfase de Francisco na misericórdia e seu foco em questões ambientais e mudanças climáticas. Ele criticou duramente o Partido Comunista Chinês, mas não chegou a criticar o Papa por seu acordo com Pequim sobre a nomeação de bispos. Bo foi criticado, por vezes, por ser excessivamente diplomático e parecer transigir em algumas questões. Aqueles que conhecem Bo dizem que ele não é a favor da ordenação de mulheres sacerdotes, da opcionalidade do celibato sacerdotal e da bênção de casais do mesmo sexo. Mas ele pouco ou nada falou sobre essas questões. Em seus pronunciamentos, se concentra em questões sobre a justiça e a paz em Mianmar, uma “nação tão conflituosa e reprimida”.

Cardeal Jean-Marc Aveline 

– Arcebispo Metropolitano de Marselha, França

  • nasceu na Argélia, em 26.dez.1958
  • 66 anos
  • nomeado cardeal por Francisco em 2022
  • ocupa a posição diocesano do tipo cardeal-sacerdote
  • é titular da Igreja Santa Maria ai Monti

Aveline seria, supostamente, o cardeal “favorito” do Papa Francisco para sucedê-lo, segundo a imprensa francesa. Possui tendência heterodoxa, com ampla dedicação a questões de migração e diálogo inter-religioso. Em algumas das questões mais controversas e com probabilidade de gerar controvérsia dentro da Igreja — a ordenação de mulheres, o questionamento do celibato sacerdotal, o acesso à Comunhão para divorciados recasados ​​— o Cardeal Aveline mantém uma atitude cautelosa e reluta em assumir uma posição clara sobre qualquer dos dois lados. Ele prefere não falar sobre questões delicadas nem revelar suas inclinações políticas.





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