Manifestações do papa eram em geral acolhedoras e seus discursos enfatizavam misericórdia, inclusão e justiça social
O papa Francisco morreu nesta 2ª feira (21.abr.2025) aos 88 anos. Ele foi o 1º pontífice latino-americano e o 1º jesuíta a comandar a Igreja Católica. Durante seu papado, iniciado em 13 de março de 2013, Francisco ficou conhecido pelo tom pastoral e por declarações que muitas vezes quebraram paradigmas dentro e fora do Vaticano.
Sua morte foi confirmada pelo Vaticano.O anúncio foi dado na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, com as seguintes palavras: “Às 7h35 desta manhã [2h35 de Brasília], o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”.
Bergoglio manteve as doutrinas católicas tradicionais, mas com novas interpretações. Seus posicionamentos em geral acolhedores e seus discursos enfatizando misericórdia, inclusão e justiça social marcaram sua imagem como um líder mais transparente e liberal nos costumes do que seus antecessores.
Durante seu papado, Francisco buscou aproximar a Igreja de temas contemporâneos como mudanças climáticas, desigualdade social, acolhimento a imigrantes e respeito à diversidade, embora tenha mantido posições tradicionais sobre temas como aborto e casamento.
Relembre algumas frases marcantes ditas por Francisco ao longo dos seus 12 anos de pontificado:
-
5.jul.2013 — “As pessoas não são descartáveis.”
(Em Lampedusa, na 1ª viagem internacional, sobre a crise migratória) -
7.set.2013 — “A guerra é sempre uma derrota para a humanidade.”
(Convocação mundial para vigília de oração pela paz na Síria) -
29.jul.2013 — “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”
(Entrevista no voo de volta do Brasil para Roma) -
29.jul.2013 — “Quem sou eu para julgar?”
(Entrevista no voo de volta da Jornada Mundial da Juventude, ao ser questionado sobre homossexuais) -
17.nov.2013 — “A morte não é o fim. É o momento do encontro com Deus.”
(Durante a missa dominical no Vaticano) -
24.nov.2013 — “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, do que uma Igreja doente pelo fechamento.”
(Exortação apostólica Evangelii Gaudium) -
24.nov.2013 — “Prefiro uma Igreja acidentada a uma Igreja doente pelo fechamento.”
(Exortação apostólica Evangelii Gaudium) -
24.nov.2013 — “A economia mata.”
(Exortação apostólica Evangelii Gaudium, criticando a desigualdade social e o consumismo) -
13.set.2014 — “A guerra é uma loucura. Nunca se resolve um problema com a guerra.”
(Discurso durante visita à Itália) -
1°.out.2014 — “Os jogadores de futebol devem ser modelos para os jovens. O futebol é belo quando é leal.”
(Audiência com times de futebol no Vaticano) -
7.nov.2014 — “O diabo entra pela carteira.”
(Homilia sobre o apego ao dinheiro) -
14.fev.2015 — “A família é como uma fábrica de esperança, é onde se aprende a amar, a perdoar, a ser generoso.”
(Discurso a casais no Vaticano) -
16.fev.2015 — “A fofoca é um terrorismo, porque quem fofoca joga uma bomba e vai embora.”
(Homilia na Casa Santa Marta) -
8.jul.2015 — “A globalização da indiferença nos tirou a capacidade de chorar.”
(Missa em Lampedusa, em memória de migrantes mortos) -
19.fev.2016 — “O aborto não é um mal menor. É um crime. É o que faz um assassino.”
(Discurso a médicos e profissionais de saúde no Vaticano) -
31.jan.2018 — “Não existe santo sem passado, nem pecador sem futuro.”
(Audiência geral no Vaticano) -
10.out.2018 — “O aborto não é um problema religioso, é um problema humano. É um crime.”
(Audiência geral no Vaticano) -
1.jan.2019 — “A indiferença é o maior inimigo da paz.”
(Mensagem do Dia Mundial da Paz) -
27.mar.2020 — “Ninguém se salva sozinho.”
(Bênção histórica Urbi et Orbi durante a pandemia de covid-19) -
2.set.2020 — “A fofoca é terrorismo.”
(Homilia na Casa Santa Marta) -
15.mar.2021 — “O casamento é entre um homem e uma mulher. A Igreja não muda, mas as pessoas homossexuais devem ser respeitadas e acolhidas.”
(Entrevista ao canal Televisa) - out.2021 — “Quero expressar minha vergonha.”
(Após relatório sobre abusos sexuais na Igreja na França) - 4.ago.2023 — “Na Igreja há espaço para todos. Todos, todos, todos.”
(Jornada Mundial da Juventude, Lisboa) - 3.ago.2023 — “Substituí os medos pelos sonhos, não sejais administradores de medos, mas empreendedores de sonhos!”
(Encontro com jovens na Universidade Católica, Lisboa) - 4.out.2023 — “Laudate Deum.”
(Exortação Apostólica sobre a crise climática) - out.2024 — “A indiferença é mais perigosa que o câncer.”
(Encontro com jovens da Ação Católica Italiana) - 24.out.2024 — “Dilexit Nos.”
(Encíclica sobre o amor cristão e o combate ao individualismo) - jan.2025 — “A Igreja é governada usando a cabeça e o coração, não as pernas.”
(Livro “Hope”)
MORTE DE PAPA FRANCISCO
O papa Francisco morreu nesta 2ª feira (21.abr.2025), aos 88 anos. O pontífice foi o 2º líder mais velho a governar a Igreja Católica em 700 anos. Sua morte foi confirmada pelo Vaticano:“Às 7h35 desta manhã [2h35 de Brasília], o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”.
Francisco sofria de problemas respiratórios. Em 2023, já havia passado 3 dias hospitalizado para tratar uma bronquite. Em março de 2024, não conseguiu um discurso durante uma cerimônia no Vaticano.
Argentino nascido na cidade de Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio foi internado em 14 de fevereiro de 2025 no hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, na Itália, para tratar uma bronquite, mas exames revelaram uma pneumonia bilateral.
Em 22 de fevereiro, o Vaticano afirmou que Francisco enfrentou uma crise prolongada de asma e precisou passar por uma transfusão de sangue e que ele “não estava fora de perigo”. Os exames realizados mostraram plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) associada à anemia, o que levou à necessidade da transfusão. O religioso teve alta em 23 de março e estava em recuperação. Sua última aparição pública foi no domingo (20.abr), na bênção de Páscoa.
ÚLTIMAS PALAVRAS
No domingo (20.abr.2025), fez uma aparição na varanda da Basílica de São Pedro, durante a celebração da Páscoa no Vaticano. Na cadeira de rodas e com dificuldades para falar, o sumo pontífice desejou uma “feliz Páscoa” aos fiéis.
Em seguida, passou a palavra para o mestre de cerimônias, o monsenhor Diego Giovanni Ravelli, que leu a mensagem “Urbi et Orbi” (“à cidade [de Roma] e ao mundo”) do papa. Ao final, fez a bênção diante dos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro.
Na mensagem, o papa exortou os políticos a não cederem “à lógica do medo” e fez um apelo ao desarmamento. “A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se em uma corrida generalizada ao armamento”, afirmou.
O CONCLAVE
Com a morte de Francisco, os cardeais iniciarão o conclave –termo de origem no latim “cum clave”, que significa “com chave”– para a escolha do 267º papa. O ritual, que remonta ao século 13, é realizado na Capela Sistina, no Vaticano, onde cardeais com menos de 80 anos se reúnem para eleger o novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana. A quantidade de cardeais pode variar desde que não ultrapasse o limite de 120.
Para ser eleito, um candidato precisa receber 2/3 dos votos. O resultado é transmitido ao público presente no Vaticano e ao mundo por meio de uma fumaça que sai de uma chaminé no telhado da Capela Sistina. Ela é produzida pela queima das cédulas de votação com produtos químicos para dar a cor desejada. A fumaça preta significa que o papa não foi escolhido e a votação seguirá.
Quando um cardeal recebe os votos necessários, o decano do Colégio de Cardeais pergunta se ele aceita a posição. Em caso afirmativo, o eleito escolhe seu nome papal e as cédulas são queimadas com os químicos que produzem a fumaça branca, que comunicará a escolha do novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana.
Leia mais sobre a morte do papa Francisco: