Eduardo Tagliaferro trabalhou com o ministro quando ele era presidente do TSE e teria divulgado informações sigilosas
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) quer ouvir Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.
Tagliaferro era assessor de Moraes quando o ministro era presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele era responsável pela produção de relatórios sobre políticos, influenciadores e veículos de comunicação que publicavam desinformação sobre as Instituições Públicas e as eleições.
Por se tratar de convite, e não convocação, Tagliaferro não é obrigado a comparecer à Câmara mesmo se o requerimento for aprovado pela comissão.
“O Brasil precisa conhecer a verdade. As recentes mensagens lançam luz sobre possíveis abusos de autoridade e ações incompatíveis com o Estado Democrático de Direito. A sociedade merece respostas transparentes”, disse Nikolas Ferreira.
A PF (Polícia Federal) indiciou Eduardo Tagliaferro em 2 de abril de 2025 por violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública. A conclusão faz parte da investigação sobre o vazamento de mensagens do ministro com servidores do TSE e do STF.
De acordo com a PF, Tagliaferro teria repassado informações sigilosas a um jornalista do jornal Folha de S.Paulo enquanto ocupava cargo na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Em relatório, os investigadores afirmam que ele “praticou, de forma consciente e voluntária” a violação do sigilo funcional. Eis a íntegra do relatório (PDF — 1 MB).
A apuração baseou-se em depoimentos e na quebra de sigilo telemático autorizada pela Justiça. O documento aponta que, em abril de 2024, Tagliaferro relatou à própria mulher que havia enviado dados ao jornalista.
“O diálogo deixou evidente que Eduardo divulgou ao jornalista informações que foram obtidas enquanto ele laborava na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Estas informações deveriam ser mantidas em sigilo“, diz o relatório.