China pede que Trump pare de ‘ameaçar e chantagear’ em meio à guerra comercial

China pede que Trump pare de ‘ameaçar e chantagear’ em meio à guerra comercial


Desde sua chegada à Casa Branca, em janeiro, o republicano impôs tarifas adicionais de 145% sobre vários produtos chineses, que se somam às tarifas aplicadas pelas administrações anteriores, podendo chegar a 245% no total

Montagem/CHARLY TRIBALLEAU e Ludovic MARIN / AFPDonald Trump e Xi Jinping montagem
‘A bola está com a China; a China precisa chegar a um acordo conosco’, afirmou Trump

A China fez um apelo, nesta quarta-feira (16), para que os Estados Unidos “parem de ameaçar e chantagear”, depois que a Casa Branca transferiu a Pequim a responsabilidade de iniciar uma negociação para desacelerar a guerra comercial entre as duas grandes economias mundiais. O presidente americano, Donald Trump, iniciou uma guerra tarifária contra aliados e rivais, na qual a China levou a pior, com tarifas adicionais de 145% para seus produtos importados pelo país da América do Norte.

O gigante asiático respondeu com tarifas de 125% para as importações de produtos americanos. “A China não deseja lutar, mas não tem medo de lutar”, reiterou nesta quarta-feira o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian. “Se os Estados Unidos realmente querem resolver o assunto por meio do diálogo e da negociação, devem parar de exercer pressão extrema, parar de ameaçar e chantagear, e conversar com a China com base na igualdade, respeito e benefício mútuo”, insistiu.

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Desde sua chegada à Casa Branca, em janeiro, Trump impôs tarifas adicionais de 145% sobre vários produtos chineses, que se somam às tarifas aplicadas pelas administrações anteriores, podendo chegar a 245% no total. Inicialmente, o republicano decretou uma tarifa de 20% pelo suposto papel da China na entrada de fentanil nos Estados Unidos e, pouco depois, acrescentou outros 125% para teoricamente compensar os desequilíbrios na balança comercial entre os dois países.

Contudo, em um aparente indício de distensão, o governo americano isentou das tarifas mais recentes produtos como computadores, smartphones e semicondutores, dos quais a China é um grande produtor. A incerteza provocada pelas tarifas americanas poderia “ter graves consequências para as economias mais vulneráveis”, afirmou Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Segundo as previsões anuais da OMC, o comércio mundial de mercadorias poderia sofrer quedas de volume de até 1,5% em 2025, em função da política de Trump. Nesta quarta-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, disse que as tarifas “certamente vão provocar pelo menos a alta temporária da inflação” nos Estados Unidos, com a possibilidade de que “os efeitos inflacionários também sejam persistentes”.

Após as advertências de Powell, a bolsa de Nova York fechou com forte queda. A gigante de tecnologia Nvidia levou um tombo devido à guerra comercial entre Estados Unidos e China. O índice Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, fechou em queda de 3,07%. O índice ampliado S&P recuou 2,24% e o Dow Jones retrocedeu 1,73%. Em um exemplo dos efeitos das tarifas para os consumidores, a plataforma de vendas online Shein anunciou aos clientes que vai aumentar seus preços a partir de 25 de abril “por causa das mudanças recentes nas regras de comércio mundial e sobre as taxações”.

No campo da China” 

Novas frentes alfandegárias abertas por Trump, dirigidas a alguns minerais e objetos eletrônicos, também afetaram as demais bolsas mundiais nesta quarta-feira. Na Europa, o índice FTSE 100 da bolsa de Londres fechou em alta de 0,3%, mesmo percentual obtido em Frankfurt, enquanto Paris teve queda de quase 0,1%.

Na Ásia, o índice Nikkei da bolsa de Tóquio fechou em queda de 1%, enquanto o Hang Seng de Hong Kong recuou 1,9% e o Composite de Xangai fechou em alta de 0,3%. Na terça-feira, a Casa Branca transferiu para a China a responsabilidade de dar o primeiro passo para reduzir a tensão que, segundo vários economistas, pode levar a uma recessão global.

“A bola está com a China. A China precisa chegar a um acordo conosco. Não temos que fazer um trato com eles”, afirmou Trump, em uma declaração lida por sua porta-voz, Karoline Leavitt. Apesar da disputa, a economia chinesa cresceu 5,4% no primeiro trimestre. O resultado, melhor do que o esperado, ainda não reflete os efeitos da guerra tarifária iniciada este mês. Na apresentação destes números, Sheng Laiyun, funcionário de alto escalão do Escritório Nacional de Estatísticas chinês (ONE), reconheceu “certa pressão sobre o comércio e a economia”, mas expressou confiança na capacidade da China de “enfrentar os desafios externos”.

Além do aumento expressivo das tarifas, Pequim adotou outras medidas de retaliação contra produtos americanos, como a suspensão da recepção de aviões da Boeing. O setor agrícola também está no radar das autoridades comunistas. A federação de exportadores de carne dos Estados Unidos confirmou que Pequim decidiu não renovar as licenças da maioria dos exportadores de carne bovina desde março.

Negociações

A estratégia de Trump foi mais conciliadora com os demais países, aos quais concedeu uma pausa de 90 dias para negociar antes da aplicação da última rodada de tarifas “recíprocas”. Nesta quarta-feira, por exemplo, um representante do governo japonês, Ryosei Akazawa, se reunirá em Washington com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, com a esperança de conseguir um acordo em que “todos vençam”. O presidente Trump anunciou que participaria do encontro.

Idealizada com o objetivo de levar a produção industrial de volta aos Estados Unidos, a política tarifária de Trump afetou alguns dos principais parceiros de Washington, como Japão, Coreia do Sul, União Europeia, México e Canadá. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou, em entrevista à revista alemã Die Zeit, que o bloco está “em uma posição de força” diante de futuras negociações.

Além de uma tarifa universal de 10% para todos os países, Trump também decretou tarifas setoriais sobre o aço e o alumínio, além dos automóveis e autopeças. O presidente também estuda aplicar medidas similares aos semicondutores e produtos farmacêuticos.





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