Estudo da CNI, que compara com outras 18 nações, mostra Brasil atrás da Argentina, da Colômbia e do Peru
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou na 4ª feira (16.abr.2025) um estudo que coloca o Brasil na última posição em um ranking de competitividade industrial. O levantamento comparou o Brasil com 17 países concorrentes no mercado internacional.
Na seleção das nações, o relatório “Competitividade Brasil — 2023/2024” levou em consideração o “nível de desenvolvimento e/ou tamanho similar ao do país” e se a “inserção internacional [era] similar à brasileira”. Leia o levantamento na íntegra (PDF – 13,5 MB).
A cada país foram atribuídas notas de 0 a 10 levando em consideração uma série de fatores e subfatores para o desenvolvimento industrial. Depois, feita a média de pontos por país, chegou-se ao seguinte ranking:
- Países Baixos — 6,41;
- EUA — 6,41;
- Coreia do Sul — 6,15;
- Alemanha — 6,13
- Reino Unido — 5,87;
- China — 5,44;
- Itália — 5,4;
- Canadá — 5,4;
- Espanha — 5,34;
- Turquia — 4,56;
- Rússia — 4,48;
- Índia — 4,45;
- México — 4,38;
- Chile — 4,34;
- Argentina — 3,92;
- Colômbia — 3,81;
- Peru — 3,78; e
- Brasil — 3,6.
O alto custo de financiamento, com a taxa Selic em 14,25% ao ano, e as deficiências na educação foram alguns dos principais fatores que impactaram negativamente a classificação do Brasil. Essas questões colocam o país em desvantagem frente a seus concorrentes, afetando sua capacidade de inovação e competitividade.
Ao todo, foram analisados os seguintes 8 fatores e os mais de 20 subfatores:
- Ambiente de negócio
- Segurança pública e defesa do Estado;
- Segurança jurídica;
- Governança;
- Desburocratização;
- Ambiente regulatório.
- Ambiente econômico
- Tributação;
- Macroeconomia e investimento;
- Baixo carbono e recursos naturais
- Descarbonização;
- Economia circular.
- Comércio e integração internacional
- Comércio justo;
- Mercado externo.
- Desenvolvimento humano e trabalho
- Saúde e segurança;
- Relações de trabalho;
- Diversidade, equidade e inclusão.
- Desenvolvimento produtivo, inovação e tecnologia
- Ciência, tecnologia e inovação;
- Desenvolvimento produtivo;
- Produtividade e inovação nas empresas.
- Educação
- Educação básica;
- Educação profissional e superior.
- Infraestrutura
- Energia;
- Infraestrutura digital e urbana;
- Transporte e logística.
Desempenho brasileiro
Os fatores em que o Brasil teve o pior desempenho foram: Ambiente econômico, educação e desenvolvimento humano e trabalho. Em todos esses pontos, o país figurou em 18º lugar.
De acordo com o estudo, a nota baixa em ambiente econômico deve-se principalmente ao sistema tributário — o 17º pior entre todos os países analisados — e ao financiamento, refletindo a última classificação tanto no indicador da taxa de juros reais a curto prazo quanto no de spread bancário.
“As maiores dificuldades em relação à tributação são a complexidade na tributação, em que ocupa a 15ª posição e a alíquota aplicada à renda corporativa, em que ocupa a 16ª colocação”, afirma o estudo.
Em relação à educação, o estudo se baseia nos dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) e do investimento governamental no setor para avaliar tanto a educação básica (em que o Brasil ficou em 16º lugar) quanto o ensino profissionalizante e superior (17º lugar). O estudo leva em conta o número de matrículas no ensino médio técnico e nos cursos das áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
Quanto ao desenvolvimento humano e trabalho, a avaliação negativa do Brasil (18º) decorre do fato de o país ser o 2º pior no quesito DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão), ocupando as 16ª e 18ª posições nos indicadores de desigualdade de gênero e de renda, respectivamente.
Entre os fatores em que o Brasil teve melhor desempenho, estão o Baixo carbono e recursos naturais (12º, à frente de: México, Canadá, Chile, Argentina, China e Rússia) e o ambiente de negócios (13º, à frente de: Colômbia, México, Peru, Argentina e Rússia).
O que puxou a nota do Brasil para cima em relação ao ambiente de negócios foi o subfator “segurança pública e defesa do Estado”, no qual o país ficou em 2º lugar. “Esse resultado advém da 4ª colocação que o país ocupa no indicador de impacto econômico da violência per capita. Apesar de estar na faixa central do ranking de Índice Global de Cibersegurança, ocupando a 9ª posição, a pontuação do país no índice é de 96,4 de um total de 100”, explica o documento.
Acerca do fator baixo carbono e recursos naturais, o Brasil beneficiou-se de uma boa colocação, em 2º lugar, no ranking em relação à descarbonização. Esse resultado foi apresentado por causa de um bom desempenho no que tange à intensidade de emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa), no uso de energia renovável, nos quais o país ocupa o 5º e o 1º lugar, respectivamente.
“No entanto, ainda é necessário avançar em termos de eficiência energética, subfator em que o Brasil ocupa a faixa inferior do ranking, na 12ª posição”, pondera. A economia circular (recuperação de resíduos sólidos e produtividade dos recursos) ainda apresenta um desempenho insatisfatório, ocupando o 17º lugar na lista.
Desde 2010, a CNI publica o ranking de competitividade industrial, com alterações metodológicas importantes na edição atual. A seleção de países agora considera economias com produção e mercados de importação e exportação semelhantes aos do Brasil.