Deputado tem ingerido apenas soro, isotônico e água; dormiu 4 horas na última noite e sentiu mais o abalo emocional
O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) completou uma semana de greve de fome nesta 4ª feira (16.abr.2025). Sua equipe informou ao Poder360 que a última pesagem mostrou perda de 4,9kg em relação ao início do jejum, realizado contra o processo de cassação de seu mandato. Ele passou de 91,7kg para 86,8kg.
Em boletim divulgado nesta 4ª feira (16.abr), às 11h, a equipe do deputado informou que já se completaram 177 horas de greve de fome. O congressista está ingerindo soro, isotônico e água. Na última noite, dormiu cerca de 4 horas e disse ter sentido mais “o abalo emocional”.
“Acordei, pensei bastante e me sinto forte novamente. Não vou desistir”, disse à equipe que o acompanha.
Os médicos examinam o deputado 2 vezes ao dia. O médico Antônio Alves, que fez a última avaliação, disse que os resultados dos exames de ureia, creatinina, sódio, potássio, cloro e glicemia estão dentro da normalidade.
Segundo o médico, Braga sentiu dor de cabeça leve que passou sem a necessidade de tomar remédio. O deputado também sofreu um mal-estar gastrointestinal “sem maiores consequências” e dor nas costas. “Hoje, o Glauber me revelou que hoje ele estava mais emotivo, mas disposto e bem orientado”, disse o profissional.
As visitas ao deputado têm sido mais curtas, com duração de no máximo 10 minutos. A recomendação médica é que todos que se aproximem do congressista utilizem máscara.
PROTESTO
Braga decidiu dormir no chão do Plenário 5 da Câmara dos Deputados depois que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar decidiu pela cassação de seu mandato, em 9 de abril de 2025, com 13 votos a 5.
A justificativa é o processo contra o deputado por ter agredido, em abril de 2024, o youtuber Gabriel Costenaro, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre). Mas Braga e aliados avaliam que a punição com a perda do mandato, considerada por eles desproporcional, pode ser uma retaliação do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por causa da atuação do deputado contra o orçamento secreto.
Braga e seu partido foram responsáveis por iniciar a ação judicial que fez o STF (Supremo Tribunal Federal) travar a destinação de emendas, em 2024.
À época, o congressista disse que Lira “sequestra” o Orçamento com a execução de emendas de congressistas.
Lira nega perseguição contra Braga. “De minha parte, refuto veementemente mais essa acusação ilegítima por parte do deputado Glauber Braga e ressalto que qualquer insinuação da prática de irregularidades, descasada de elemento concreto de prova que a sustente, dará ensejo à adoção das medidas judiciais cabíveis”, disse o ex-presidente da Casa Baixa em suas redes sociais.
A desconfiança de atuação do comando da Casa em prol de sua cassação aumentou no dia da decisão do Conselho de Ética, porque o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chamou a Ordem do Dia, fase de votação de propostas no plenário da Casa, apenas depois do fim da reunião da comissão.
Quando a Ordem do Dia é chamada, todas as comissões têm de ser paralisadas. Motta, que está fora nesta semana, tem dito a integrantes do Psol que não vai interferir. De acordo com a deputada Sâmia Bomfim (Psol-RJ), casada com Braga, o presidente da Casa não deu nenhuma sinalização de saída.
FORÇA-TAREFA
Na 3ª feira (15.abr), Sâmia disse a jornalistas na Câmara que há uma força-tarefa de advogados para construir a linha de defesa de Braga. A decisão é de apresentar os argumentos no recurso interno, que deverá ser entregue à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) até o dia 22 de abril de 2025.
Sâmia afirma que o partido vai utilizar o “prazo máximo” para apresentar o recurso. Se a CCJ aprovar a resposta de Braga, o caso volta ao Conselho de Ética. Conta a favor do deputado o fato de que a composição da comissão vai se alterar na semana que vem, de acordo com o que determina o regimento interno da Câmara.
Se o recurso for recusado, ele segue para o plenário e é a Mesa Diretora, comandada por Motta, que vai definir como essa apreciação será feita.
A deputada disse que os advogados estão empenhados em estudar cada hipótese para reverter o processo de cassação. “Estão, inclusive, indo em uma linha que é muito importante do tema da desproporcionalidade da pena”, afirmou. Mas Sâmia disse que a linha de defesa ainda não está fechada.
A congressista destacou a atuação de líderes e ministros do governo para pressionar por uma interlocução com os deputados, com o objetivo de reverter a decisão de cassar o mandato de Braga.