Porta-voz do país, Lin Jian não confirma veto, mas diz que valoriza parceria com o Brasil e cooperação baseada em princípios de mercado
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou nesta 4ª feira (16.abr.2025) que o Brasil é “uma grande potência aeronáutica“. A declaração foi dada em uma entrevista a jornalistas em Pequim depois de ele ser perguntado sobre a suspensão de compras de aviões da Boeing por parte da China.
Na resposta, ele evitou confirmar a informação veiculada na 3ª feira (15.abr) pela Bloomberg. Segundo a reportagem, autoridades chinesas teriam instruído suas companhias aéreas a suspender entregas e compras da fabricante norte-americana. “Não tenho conhecimento dos detalhes e encaminho a questão às autoridades competentes”, disse o porta-voz.
Apesar de não comentar o caso diretamente, Lin aproveitou para falar da parceria com o Brasil no setor aeronáutico. Segundo ele, o governo chinês “atribui importância à cooperação prática com o Brasil em vários campos, incluindo a aviação”.
O diplomata falou ainda que ambos os países cooperaram com base nos princípios de mercado.
Embora a Embraer seja a 3ª maior fabricante de aviões comerciais do mundo, os modelos —geralmente de menor porte— não competem diretamente com os jatos de grande alcance da Boeing.
BOEING X CHINA
A possível suspensão das compras de aeronaves da Boeing se dá em um novo capítulo na disputa comercial entre China e Estados Unidos.
Lin afirmou que o país do presidente Donald Trump (Partido Republicano) pratica intimidação. Para ele, “os EUA não estão em posição de apontar o dedo para a cooperação entre a China e os países”.
Trump havia determinado uma série de alíquotas para parceiros comerciais em 2 de abril. Em retaliação, o governo chinês impôs tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos. No setor aéreo, as tarifas podem elevar os custos de importação de aeronaves e peças.
Na 4ª feira (9.abr), Trump decidiu limitar, de forma temporária, as taxas para 10%, valor mínimo da política protecionista –exceto para a China.
Na noite de 3ª feira (15.abr), a Casa Branca anunciou que os chineses poderão enfrentar tarifas de até 245% sobre alguns produtos exportados para os EUA.