América Latina “talvez” tenha de escolher EUA ou China

América Latina “talvez” tenha de escolher EUA ou China


Presidente dos EUA deu a declaração durante entrevista à emissora “Fox Noticias”, versão em espanhol da “Fox News”

O presidente Donald Trump (Partido Republicano) disse que “talvez” os países da América Latina precisem escolher entre os EUA e a China na hora de fazer acordos e parcerias. Em entrevista à Fox Noticias, versão em espanhol da Fox News, transmitida na 3ª feira (15.abr.2025), afirmou que o país está tomando medidas para conter a influência chinesa sobre o Canal do Panamá.

Não gostamos da maneira que [o Canal] é administrado, não gostamos da influência da China. Quando olhávamos há 1 ano, quase todas as bandeiras que passavam ali estavam escritas em chinês“, afirmou. “Estamos trabalhando com o Panamá agora mesmo. Vamos tomar uma decisão sobre o que fazer a respeito disso”.

Assista ao trecho (2min1s):

Diante da escalada da retórica de Trump em relação ao Canal do Panamá, em fevereiro, o presidente panamenho, Raúl Mulino (Realizando Metas, direita), anunciou que não renovaria a Iniciativa Belt and Road (“Cinturão e Rota”) firmada com a China em 2017. Trata-se de um megaprojeto do presidente Xi Jinping (Partido Comunista da China), cujo objetivo é conectar Pequim a mercados da Ásia, Europa, África e América Latina por meio de grandes obras que incluem portos, ferrovias, rodovias e parques industriais.

A entrevistadora da Fox Noticias pergunta, então, a Trump, se, a exemplo do Panamá, a América Latina teria de escolher entre os EUA e a China, ao que o presidente americano respondeu: “Bem, talvez de uma certa maneira. Foi o que o Panamá fez, é o que outros estão fazendo e talvez pensando em fazer. Talvez. Sim, talvez deveriam fazer isso“, afirmou.

A resposta de Trump se dá dias depois de uma declaração do secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, que se referiu à América Latina como “quintal” dos EUA ao também fazer críticas sobre a presença chinesa na América do Sul e Central.

O governo Obama fechou os olhos e deixou a China tomar toda a América do Sul e Central com sua influência econômica e cultural […] O presidente Trump disse: ‘Não mais’. Vamos recuperar o nosso quintal”, afirmou Hegseth.

O vocabulário utilizado pelo secretário remete a uma retórica comum da Doutrina Monroe, do século 19, e da Política do Big Stick, do início do século 20. A 1ª referia-se à política externa dos EUA sobre os países latino-americanos, que buscava garantir influência norte-americana sobre as nações recém-independentes. Já a 2ª, adotada sob o governo de Theodore Roosevelt (1901-1909), previa intervenção militar, controle indireto dos governos locais e influência dos EUA, especialmente na América Latina e no Caribe.

Em resposta, a China afirmou que algumas autoridades americanas têm uma mentalidade de Guerra Fria (1945-1991).

Os Estados Unidos têm difamado e atacado a China repetidamente e exagerado repetidamente a ‘teoria da ameaça chinesa’, mas estão apenas tentando usá-la como uma desculpa para controlar a América Latina e o Caribe, o que está fadado ao fracasso”, disse Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês.





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