Mercado de arte registra mais vendas, apesar de queda nos valores

Mercado de arte registra mais vendas, apesar de queda nos valores


Enquanto número de transações cresceu 3% em 2024, valor total negociado caiu 12%, atingindo US$ 57,5 bilhões, segundo relatório Art Basel e UBS

O mercado de arte e antiguidades movimentou globalmente US$ 57,5 bilhões em 2024, uma queda de 12% em relação ao ano anterior, enquanto o número de transações aumentou 3%, alcançando 40,5 milhões de negociações. Os dados constam no relatório Art Market Report 2025, divulgado pela Art Basel e UBS em 8.abr.2025. Eis a íntegra (em inglês – 23,4 MB).

A contração marca o 2º ano consecutivo de declínio nos valores negociados e representa a 3ª maior queda do setor nos últimos 15 anos, superada apenas pela recessão de 2009 e pela pandemia de covid-19 em 2020.

A China registrou a maior redução regional, com queda de 31%, atingindo US$ 8,4 bilhões e caindo da 2ª para a 3ª posição entre os maiores mercados. Os Estados Unidos, apesar de um recuo de 9% nas vendas (US$ 24,8 bilhões), mantiveram a liderança global com 43% do mercado.

O Reino Unido recuperou a 2ª posição com queda menos acentuada de 5%, totalizando US$ 10,4 bilhões. França, que ocupa o 4º lugar, viu suas vendas diminuírem 10%, para US$ 4,2 bilhões.

O relatório identifica um padrão iniciado em 2023, quando as vendas no mercado de arte caíram 4%. A redução foi mais expressiva no segmento de preços elevados, enquanto obras mais acessíveis mantiveram demanda estável ou crescente.

O setor de arte contemporânea foi o mais afetado, com queda de 36% nas vendas em leilões, atingindo US$ 1,4 bilhão, seu menor patamar em 6 anos. A pesquisadora Clare McAndrew, autora do estudo, identificou uma tendência de menor apetite por risco entre compradores.

“As pessoas estão comprando o que gostam e o que ressoa com suas preferências em vez do que acham que deve ser um bom investimento ou o que todos estão comprando”, disse um especialista do setor à pesquisa.

Entre os aspectos positivos, o segmento de obras com preços abaixo de US$ 5 mil cresceu 7% em valor e 13% em volume. O relatório também destaca um aumento de 3% nas vendas de trabalhos de artistas mulheres no mercado primário, que representaram 42% do valor total negociado pelas galerias.

O Brasil destacou-se pelo otimismo, com mais de 80% dos negociantes do país prevendo aumento em suas vendas para 2025, enquanto apenas 33% dos comerciantes globais mantêm a mesma expectativa.

A projeção positiva é respaldada por conquistas recentes no cenário internacional, como a curadoria da Bienal de Veneza por Adriano Pedrosa em 2024, primeiro brasileiro e latino-americano a assumir esse cargo, e o Leão de Ouro conquistado pelo país na Bienal de Arquitetura de Veneza em 2023.

Os colecionadores brasileiros de alta renda destinaram, em média, 15% de seu patrimônio total para arte em 2024, percentual similar ao de países como Alemanha e Hong Kong, ficando atrás apenas de França, Japão e China. Além disso, os brasileiros lideraram o número de aquisições no primeiro semestre de 2024, com média de 15 obras por colecionador, enquanto a média mundial foi de 11 peças.





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