Agressões e bullying triplicam nas escolas do Brasil, diz estudo

Agressões e bullying triplicam nas escolas do Brasil, diz estudo


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo mostra que vítimas de violência nas escolas saltaram de 3.771 para 13.117 em 10 anos

Uma análise de dados nacionais realizada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e divulgada na 2ª feira (14.abr.2025) mostra que a violência escolar no Brasil aumentou mais que o triplo de 2013 a 2023.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, 3.771 pessoas foram vítimas de violência interpessoal nas escolas brasileiras em 2013. O número atingiu a marca das 13.117 em 2023. Os dados dizem respeito a estudantes, professores e outros integrantes da comunidade escolar.

Entre as ocorrências de 2023, em 2.200 casos houve violência autoprovocada (automutilação, autopunição, ideação suicida, tentativas de suicídio e suicídios), tipo de agressão que aumentou 95 vezes ao longo de 10 anos.

Para o MEC (Ministério da Educação) há 4 tipos de violência que atingem as escolas:

  • agressões extremas, com ataques premeditados e letais, como o ocorrido em Blumenau em 2023;
  • violência interpessoal, incluindo hostilidades, agressões, discriminação e bullying;
  • violência institucional, quando a escola tem práticas ou adota materiais excludentes;
  • violência no entorno da instituição, como tráfico de drogas, tiroteios e assaltos.

A Fapesp também chama atenção para dados divulgados pelo Atlas da Violência 2024, que indicam um aumento na proporção de estudantes que relatou episódios de bullying: eram 30,9% dos estudantes em 2009 e passou para 40,5% em 2019.

Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que realizou o estudo em parceria com o FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), a proporção de estudantes do ensino fundamental que deixou de ir à escola por se sentir insegura subiu de 5,4% em 2009 para 11,4% em 2019.

Apesar de um aprimoramento na coleta de dados pelo Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), usados para a formulação do Atlas, esse fator isolado não serviria para explicar, segundo especialistas ouvidos pela Fapesp, um aumento tão pronunciado nos números.

Razões para o aumento

As razões apontadas para o aumento da violência escolar incluiriam a radicalização política no Brasil, intensificada a partir de 2013, a relativização do discurso de ódio por figuras públicas e o aumento da violência doméstica contra jovens e crianças. Ainda de acordo com o Atlas, eram 9,5% os alunos que, em 2009, afirmaram ter sido agredidos por algum familiar nos últimos 30 dias, e, em 2019, essa proporção alcançou 16,1%.

Entre os fatores contribuintes estão também a desvalorização da carreira do magistério, a descontinuidade de políticas na área da educação, a pandemia da Covid-19, além da precarização na infraestrutura das escolas.

Outro problema indicado é a generalização do conceito de bullying, que acaba servindo para qualificar episódios que, na verdade, são de misoginia ou racismo, por exemplo. Essa generalização dificulta a formulação de políticas públicas adequadas para responder às demandas das escolas.


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