Mulher fica cega, surda e sem andar após aplicar silicone nos seios: “Virou um pesadelo”

Mulher fica cega, surda e sem andar após aplicar silicone nos seios: “Virou um pesadelo”


O procedimento foi realizado há 10 meses, no Hospital Semiu, na Vila da Penha (RJ); a paciente acusa a equipe médica de negligência e erro durante a cirurgia

Luciene de Sousa, de 27 anos, afirma ter ficado cega, surda e sem conseguir andar após uma cirurgia de implante de silicone nos seios feita no Hospital Semiu, na Vila da Penha, Rio de Janeiro. A vendedora de roupas acusa a equipe médica de negligência e erro durante o procedimento, realizado há 10 meses. A Polícia Civil abriu inquérito para ​apurar o caso após a mulher expor a situação nas redes sociais.

Após dar à luz aos dois filhos, Luciene diz que conseguiu economizar e juntar os 20 mil reais necessários para pagar pelo procedimento. Porém, ainda na mesa de cirurgia, a paciente teve uma parada cardíaca. “Esse sonho virou um pesadelo. Fui fazer uma cirurgia, feliz, porque eu queria colocar [as próteses] após ser mãe. Juntei dinheiro e paguei tudo. Mas, ao acordar, começou o pesadelo”, lembra a jovem, aos prantos, em seu perfil oficial no Instagram.

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Reprodução/Instagram

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Ao passar mal, Luciene afirma ter sentido medo de morrer e deixar os filhos sozinhos. “Estava tudo escuro e eu pensei: ‘estou morta’. Comecei a falar com Deus, em pensamento, para que Ele não me deixasse morrer. Quem cuidaria dos meus filhos? Eles precisam de mim. Não sei quanto tempo depois, acordei já sem audição e com meu corpo paralisado do peito para baixo. Bateu um desespero”, conta.

A vendedora afirma que a equipe médica da unidade teria esquecido de fazer os curativos nas mamas, o que resultou em um quadro de necrose. “Eles esqueceram que colocaram o silicone. Quando abriram para fazer os curativos, estava necrosado. Tinha um buraco no meu peito. Mesmo assim, a médica me deu alta”, relata.

A técnica de enfermagem Dandara Castro, prima da vendedora, confirma que Luciene precisou ser transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio de Janeiro, onde passou por duas cirurgias para a retirada das mamas e realização de enxertos. “A minha prima foi submetida a duas cirurgias no Souza Aguiar, depois que a médica a encaminhou para lá. Ela teve que fazer um enxerto, retirando tecido das pernas e do bumbum para reconstruir o peito. Após a cirurgia, ninguém deu assistência. Ninguém explica o que aconteceu. Só disseram que ela teve uma parada cardíaca, e ficou por isso mesmo”, afirmou Dandara.

Nove meses após o procedimento, Luciene relata sequelas graves: perdeu as mamas, depende de uma sonda urinária,  ainda tem dificuldades para enxergar — já que recuperou 70% da visão — e se locomove com cadeira de rodas. Além da perda auditiva. “Ninguém sabe explicar o que eu tive. Eu estou apenas com 70% da visão, não ando e não escuto. Hoje eu só tenho ajuda da minha família e dos meus amigos”, desabafa a vendedora.

Boletim de ocorrência

De acordo com a família de Luciene, após inúmeras tentativas de resolver o caso de forma amigável não avançarem, o caso foi registrado na 27ª Delegacia de Polícia de Vicente de Carvalho como lesão corporal.

Ao G1, a Polícia Civil informou que o registro foi feito na quarta-feira (9/4) e que já foram solicitados documentos ao hospital. Os materiais serão analisados e diligências estão em andamento para apurar os fatos.

O que diz o hospital

Em nota, o Hospital Semiu afirmou que a médica responsável pela cirurgia não tem qualquer vínculo formal com a instituição. “A referida cirurgia se deu de forma autônoma e sob exclusiva responsabilidade técnica e administrativa da médica”, diz o comunicado.

O hospital esclareceu, ainda, que apenas cedeu suas instalações para a realização do procedimento e que é comum médicos utilizarem centros cirúrgicos de hospitais sem vínculo empregatício. “As obrigações do complexo hospitalar ficam restritas ao fornecimento de recursos materiais, e não houve qualquer queixa da paciente sobre essas condições”, completou a direção. A instituição reforçou que “possui toda estrutura e suporte necessário para garantir a segurança para o tipo de procedimento realizado”.

O que diz a médica

Já a médica responsável afirmou, também por nota, que todos os cuidados foram tomados dentro dos protocolos da especialidade e que a paciente foi orientada antes da cirurgia, tendo recebido assistência por mais de 30 dias no pós-operatório.

A cirurgiã acrescentou que não há qualquer indício de erro médico ou condenação contra ela. “Confio plenamente na elucidação dos fatos e sigo firme no compromisso com a medicina responsável, ética e transparente”. Por fim, disse estar à disposição para esclarecimentos, respeitando o sigilo profissional e as normas éticas da profissão.





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