Ministro da Fazenda defende que o acordo de livre comércio com a União Europeia deve ser “acelerado” diante de tarifaço de Trump
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 6ª feira (11.abr.2025) que o Brasil vai defender empregos e indústrias do Brasil em mesa de negociação com os Estados Unidos. Segundo ele, o presidente Donald Trump (republicano) “não resistiu às pressões” ao decidir suspender as tarifas aos demais países.
“Os Estados Unidos passaram as últimas 4 décadas defendendo o livre comércio, de repente muda 180 graus e começa a defender o protecionismo, sobretudo para proteger o que ele imagina ser melhor para a economia local. Não faz muito sentido”, declarou. Ele concedeu entrevista à Rádio Bandnews FM. Haddad disse que Trump começou um “ciclo que não terminou”, porque todo dia há novidades.
“Não estabilizou o cenário ainda”, disse. “Ficou claro que a China é o alvo prioritário do Trump. O mundo não escapou de ser tarifado também, mas eu penso que o conflito comercial entre China e Estados Unidos é o tema que acabou sendo central, até porque ele não resistiu às pressões dos aliados e dos próprios empresários americanos”, declarou.
O ministro afirmou que as empresas têm planejamento de investimento e compras. Para Haddad, o anúncio foi “severo” e “radical”, o que provocou uma “turbulência momentânea”.
O chefe da equipe econômica defendeu que é preciso, 1º, estabilizar o quadro econômico global para analisar os efeitos. Segundo ele, o Brasil tem uma posição privilegiada por causa das exportações para os 3 maiores blocos econômicos (China, EUA e Europa).
“Nós estamos exportando mais para os Estados Unidos, União Europeia e China. Temos acordos bilaterais com a China muito relevantes e com o sudeste asiático, que é super parceiro do Brasil”, disse. “Temos um acordo de livre comércio firmado com a União Europeia, que, na minha opinião, vai ser acelerado em relação ao que aconteceu.”
Haddad afirmou que os EUA têm superavit comercial com o Brasil. Ou seja, exporta mais do que importa. Para ele, é de “pouca serventia” retaliar o Brasil. O ministro declarou que o país norte-americano é um parceiro comercial muito relevante que tem tradição de investir no Brail.
“Eu quero crer que o presidente Lula adotou a posição mais sóbria possível. Olha, nós temos uma relação recíproca que tem que ser mantida, o Congresso votou uma lei de reciprocidade com muita rapidez para sinalizar para os Estados Unidos que nós não podemos ser tratados como parceiros de 2ª classe”, disse.