Alunas de Medicina foram acusadas de zombar de uma jovem que passou por três transplantes cardíacos
Um vídeo publicado por duas alunas de Medicina acusadas de fazer comentários insensíveis sobre uma paciente transplantada gerou forte repercussão. Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeira Soares Foffano vieram a público nesta quarta-feira (9/4) para se defender, alegando que suas falas foram mal interpretadas e negando qualquer intenção de escárnio.
A gravação foi publicada no TikTok em fevereiro e visualizada por mais de 200 mil usuários. O nome da paciente não foi citado, mas os detalhes mencionados pelas estudantes coincidem com o histórico médico de Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, internada no Incor (Instituto do Coração). Ela realizava tratamento após três transplantes cardíacos e um renal. Vitória faleceu nove dias após a publicação, em decorrência de um choque séptico e insuficiência renal crônica.
Veja as fotos
Gabrielli e Thaís emitiram nota oficial, assinada também por seus advogados, afirmando que a publicação teve o objetivo exclusivo de expressar “curiosidade científica” diante de um caso incomum. “O conteúdo teve como única intenção expressar surpresa diante de um caso clínico mencionado no ambiente de estágio. Não sabíamos quem era. Nosso compromisso com a vida, a dignidade humana e os princípios éticos da medicina permanece inabalável”, afirmam.
Além disso, as estudantes garantem que nenhuma imagem de Vitória foi compartilhada e reiteram que não houve qualquer tipo de exposição intencional. Elas dizem estar colaborando com as investigações e tomando providências para preservar sua saúde emocional e reputação acadêmica.
Entenda o caso
No conteúdo, as estudantes demonstraram espanto diante da complexidade do caso e comentaram que iriam até o quarto da paciente para conversar com ela. Em determinado trecho, uma delas afirma que a jovem “acha que tem sete vidas”, o que foi interpretado por muitos internautas como uma forma de zombaria. A família da paciente, profundamente abalada, repudiou o vídeo e iniciou medidas legais contra as responsáveis.
As universidades de origem das estudantes, Anhembi Morumbi e Faseh, divulgaram um comunicado conjunto lamentando o ocorrido e asseguraram que já adotaram medidas administrativas para apurar a conduta das alunas.
O caso é investigado pela Polícia Civil de São Paulo como possível injúria, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública. As duas podem responder criminalmente e, caso condenadas, estão sujeitas a penas que variam de multa a um ano de detenção, dependendo das circunstâncias agravantes.