O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou, nesta quarta-feira (8), que iniciará uma greve de fome como forma de protesto contra o processo em curso no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pela cassação de seu mandato. A decisão foi comunicada em sua última fala regimental antes da abertura para votação do parecer.
Glauber reafirmou que sua decisão é pessoal e sem interferência externa: “A decisão que vou tomar agora é de minha inteira responsabilidade. Não foi dividida com absolutamente ninguém”, disse. E prosseguiu: “Inclusive, o faço com a firmeza e a tranquilidade de que é o que tem que ser feito nesse momento”.
Glauber acusa Arthur Lira de influenciar relatório pela cassação.Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
Braga é acusado de quebra de decoro parlamentar após expulsar das dependências da Câmara, com empurrões e pontapés, um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), em abril de 2024, depois que este teceu ofensas à sua mãe, a ex-prefeita Saudade Braga, internada por problemas respiratórios. Ela veio a morrer poucas semanas depois.
Glauber afirmou que permanecerá no Congresso até o fim do processo, sem se alimentar. “No dia de hoje, eu já iniciei, porque estou o dia inteiro em jejum, e a partir de agora, não vou, até o fechamento desse processo, me alimentar, disse. Ele classificou a medida como a tática mais radical do ponto de vista político que um militante pode fazê-lo”.
Crítica a Lira
O deputado acusa o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de ter interferido na tramitação do processo. Lira e Glauber são rivais de longa data, disputa pessoal que se agravou em 2024 com as ações judiciais do Psol sobre a constitucionalidade da distribuição de emendas. “Eu tomei a decisão inconciliável irrefutável de que eu não vou ser derrotado por Arthur Lira. Eu não vou ser derrotado pelo orçamento secreto. Eu não vou ser derrotado pelo sócio minoritário dessa história, que foi o MBL”, declarou.
O deputado reiterou que não renunciará ao mandato e pretende usar todos os recursos disponíveis na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes da votação em Plenário.
Apoio partidário
Além de Glauber Braga, a deputada Luiza Erundina (Psol-SP) anunciou que se juntará ao colega no ato de permanência na comissão. “A democracia precisa ser afirmada. Eu ficarei aqui nessa sala, e convido quem mais esteja aqui que fiquemos com este companheiro até o desfecho desse processo”, exclamou.