Brasil tem potencial para ser polo global de data centers

Brasil tem potencial para ser polo global de data centers


Tema foi debatido por especialistas e autoridades em seminário virtual realizado pelo Poder360 e a CPFL Energia

O Brasil tem potencial para se tornar uma liderança global no setor de data centers, sustentado por sua matriz energética limpa e pela crescente demanda por infraestrutura digital. A avaliação é de autoridades e empresários que participaram nesta 4ª feira (9.abr.2024) do seminário Data centers: desafios e oportunidades para o setor elétrico, organizado pelo Poder360 em parceria com a CPFL Energia.

Durante o evento, os participantes destacaram a necessidade de coordenação entre política energética, regulação e estratégia digital para atrair investimentos e garantir segurança energética no avanço da transformação digital.

Para o secretário de Transição Energética e Planejamento do MME (Ministério de Minas e Energia), Thiago Barral, a expansão de data centers deve ser considerada uma política estratégica para o país. Disse que o Brasil tem vantagens competitivas, como energia limpa em abundância, e que o governo busca ajustar a regulação para facilitar a atração de grandes investidores do setor de tecnologia.

“Essa discussão sobre os data centers é fundamental. Porque ela dá forma à necessidade que a gente tem de alinhar planejamento energético e da infraestrutura, com a agenda digital e industrial do país”, declarou.

Em linha, Reinaldo Garcia, diretor de Estudos de Energia Elétrica da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), afirmou que o crescimento da demanda por energia impulsionado pelos data centers precisa estar no radar do planejamento energético.

“Temos hoje um consumidor, um cliente, que está cada vez mais demandando a qualidade do suprimento. Qualidade no sentido de fornecimento ininterrupto, de confiabilidade, de resiliência. E isso leva a gente a refletir sobre o papel da rede elétrica e do sistema como um todo”, disse.

Afirmou que a EPE já estuda cenários futuros considerando a digitalização da economia e a consolidação do setor como grande consumidor.

“A gente está falando de um planejamento de 10 anos, que é o horizonte do Plano Decenal de Expansão de Energia. A EPE já tem tratado esse assunto e já tem colocado na mesa esses cenários de futuro, de aumento da carga por conta da digitalização da economia, de consolidação de um novo consumidor, e a gente espera contar com a colaboração do setor”, disse.

No âmbito político, o senador Eduardo Gomes (PL-TO) defendeu uma maior articulação entre o Congresso Nacional e o Executivo para criar um ambiente de negócios mais atrativo ao setor. Destacou que é papel do Legislativo garantir segurança jurídica e estabilidade regulatória para investidores em infraestrutura digital.

Como exemplo, citou o Projeto de Lei 2338/23, que regulamenta o uso da inteligência artificial no país. O que apareceu naquele momento é que, realmente, o Brasil participa de um processo de concorrência internacional muito forte para a instalação de data centers, dado a sua condição de geração de energia renovável e outros fatores que fazem com que o país possa, diante de uma segurança regulatória de estímulo para investimento, aproveitar essa janela que se abriu para a instalação de data centers no nosso país. É importante que a gente tenha essa consciência”, afirmou.

MODERNIZAÇÃO E SETOR PRIVADO

Gustavo Estrella, CEO da CPFL Energia, enfatizou a importância de modernizar o setor elétrico para atender às novas demandas. Disse que empresas de energia estão prontas para colaborar com a digitalização e que é necessário promover inovação no setor para acompanhar a evolução tecnológica.

“A gente está aqui falando de infraestrutura crítica. E acho que está todo mundo aprendendo aqui. Estamos falando de uma carga diferente, nova, que a gente tem que entender como funciona. São cargas que demandam qualidade, continuidade, mas também flexibilidade, e têm seus desafios do ponto de vista de planejamento”, disse.

Representando uma das principais empresas de data centers do país, Marcos Siqueira, CRO e head de Estratégia da Ascenty, destacou que o Brasil já é competitivo no setor, mas ainda enfrenta entraves regulatórios e burocráticos. Defendeu avanços na contratação de energia de longo prazo e estímulos à eficiência energética.

“Hoje, o Brasil já é competitivo no setor de data centers. Temos energia limpa e custo competitivo (…) Mas há entraves regulatórios e dificuldades na contratação de energia de longo prazo (…) O ponto principal para mim é previsibilidade. É isso que vai atrair novos empreendimentos. Precisamos de regras claras e estabilidade”, afirmou.

A Ascenty, fundada em 2010, já opera 24 data centers, sendo 20 deles em território nacional. “Mesmo quando nós não falávamos sobre inteligência artificial, quando ainda não tinha disponível soluções de conectividade como 5G, nós já tínhamos uma demanda reprimida muito grande”, disse.

Assista ao seminário:

O SEMINÁRIO

O Poder360 realizou, em parceria com a CPFL Energia, o seminário virtual Data centers: desafios e oportunidades para o setor elétrico”. O webinar tratou sobre o potencial de o Brasil atrair investimentos em data centers e os desafios do país para expandir a infraestrutura elétrica e atender à demanda crescente dessa indústria, especialmente em função das tecnologias em ascensão.

O evento foi mediado pelo jornalista Paulo Silva Pinto, editor sênior do Poder360.

Participaram do debate:

  • Thiago Barral, secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME (Ministério de Minas e Energia);
  • Reinaldo Garcia, diretor de Estudos de Energia Elétrica da EPE (Empresa de Pesquisa Energética);
  • Eduardo Gomes (PL-TO), senador;
  • Gustavo Estrella, CEO da CPFL Energia; e
  • Marcos Siqueira, CRO e head de Estratégia da Ascenty.





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