Entender os sintomas, as causas e os tratamentos pode contribuir para a saúde dos felinos

A insuficiência renal é uma condição que afeta um número significativo de gatos, especialmente os mais velhos, mas também pode surgir em animais jovens. Trata-se de uma falha progressiva dos rins, órgãos responsáveis por filtrar o sangue, eliminar toxinas por meio da urina, equilibrar substâncias no organismo e produzir hormônios essenciais para o bom funcionamento do corpo.
Quando os rins começam a falhar, o corpo do gato acumula substâncias que deveriam ser eliminadas, prejudicando seu funcionamento geral. Entre as principais causas estão o envelhecimento natural, infecções, doenças genéticas, hipertensão, exposição a substâncias tóxicas e até alimentação inadequada.
Os sintomas da insuficiência renal podem surgir de forma sutil e se agravar com o tempo. Aumento da sede, urina em excesso, perda de apetite, emagrecimento, vômitos, mau hálito, fraqueza e apatia estão entre os sinais mais comuns. Por ser uma doença silenciosa no início, muitas vezes ela é diagnosticada somente em estágios avançados.
Apesar disso, com acompanhamento veterinário, mudanças na dieta e tratamento adequado, é possível oferecer qualidade de vida ao gato. No entanto, há muitos mitos espalhados sobre essa condição, o que pode dificultar decisões importantes para a saúde do pet. A seguir, confira a verdade sobre alguns deles!
1. Apenas gatos idosos desenvolvem insuficiência renal
Mito. É verdade que a insuficiência renal é mais comum em gatos com mais de sete anos, devido ao desgaste natural dos rins com o tempo. No entanto, felinos jovens também podem desenvolver a condição, especialmente quando há fatores como predisposição genética, doenças infecciosas (como a leptospirose), ingestão de plantas tóxicas ou medicamentos inadequados.
2. Beber muita água é sempre um bom sinal
Mito. Embora incentivar a hidratação seja importante para qualquer gato, uma sede excessiva pode indicar um problema. Gatos com insuficiência renal costumam beber mais água para tentar compensar a perda de líquido causada pela produção de urina em excesso, já que os rins não conseguem concentrá-la corretamente.
“Pets com doença renal crônica se desidratam rapidamente, pois o rim não está fazendo seu papel na filtragem e concentração da urina. Os gatos são mais suscetíveis à doença, seus hábitos de tomar água e a forma com que se alimentam foram alterados com a domesticação da espécie”, acrescenta Joana Portin, médica-veterinária e coordenadora técnica da Petlove.
3. A insuficiência renal é facilmente detectável nos estágios iniciais
Mito. Nos primeiros estágios da doença, os rins ainda conseguem manter parte da sua função, o que faz com que o gato aparente estar saudável. Por isso, os sintomas muitas vezes só aparecem quando há perda significativa da função renal. A única forma de identificar precocemente a insuficiência renal é por meio de exames indicados pelo veterinário.
“Muitas vezes, é em check-ups que identificamos que já há um início de lesão renal e conseguimos atuar na estabilidade, desacelerando a progressão da doença. Alguns exames podem identificar a doença precocemente. Portanto, é importantíssimo que as consultas veterinárias sejam ainda mais frequentes quando os pets se tornarem adultos e idosos, ou seja, a partir dos seis anos”, afirma a veterinária da Petlove.

Mito. Apesar de a insuficiência renal ser uma condição crônica e progressiva, muitos gatos conseguem viver bem por vários anos após o diagnóstico. Com tratamento adequado — que inclui alimentação especial, medicações, acompanhamento veterinário e, em alguns casos, fluidoterapia —, é possível controlar os sintomas e retardar o avanço da doença.
5. A insuficiência renal é sempre fatal
Mito. Embora não tenha cura, a insuficiência renal não representa uma sentença de morte imediata. O diagnóstico precoce, a escolha correta dos tratamentos e o comprometimento do tutor com o cuidado diário fazem toda a diferença na expectativa de vida do felino. Muitos gatos com essa condição vivem por anos, mantendo rotina, comportamento e bem-estar adequados. A doença só se torna mais grave quando não é tratada ou diagnosticada tardiamente.
Mito. A doença renal crônica pode evoluir por muito tempo sem sinais externos. Por isso, exames preventivos são recomendados mesmo para gatos que aparentam estar saudáveis, principalmente após os seis anos. A detecção precoce permite iniciar o tratamento antes que os sintomas apareçam e os danos renais avancem.
Mito. Jamais se deve medicar um gato com produtos feitos para humanos sem orientação veterinária. Muitos medicamentos comuns para humanos — como anti-inflamatórios e analgésicos — podem ser altamente tóxicos para os rins dos felinos e até causar falência renal aguda. O tratamento para insuficiência renal deve ser individualizado e prescrito exclusivamente por um veterinário, considerando peso, estágio da doença e histórico do animal.
8. A insuficiência renal em gatos é contagiosa
Mito. A insuficiência renal não é uma doença transmissível. Ela resulta de fatores internos ao organismo do gato, como predisposição genética, envelhecimento ou exposição a substâncias tóxicas. Portanto, um pet com insuficiência renal não representa risco para outros animais ou pessoas da casa.