Por trás de cada etiqueta, existe uma cadeia global de decisões econômicas que influencia diretamente o que (e por quanto) você veste
Sabe quando você vê aquela “brusinha” linda que antes custava R$ 29,90, mas agora está quase o dobro? A culpa nem sempre é da loja. Na verdade, a economia internacional influencia (e muito!) o preço das roupas que a gente compra aqui no Brasil.
E isso não tem a ver só com produção ou tendência. Mudanças nas tarifas de importação, conflitos comerciais entre grandes potências e a oscilação do dólar estão diretamente ligadas ao preço final daquilo que a gente veste. Mas como, exatamente, a geopolítica influencia o preço das “brusinhas” no Brasil? Vamos por partes:
Tarifas e tensões comerciais: o efeito dominó
Quando um país — como os Estados Unidos — decide aumentar as tarifas sobre produtos importados de outro país — como a China — o impacto é global. Isso porque a China é um dos maiores fornecedores de:
● Tecidos,
● Roupas prontas,
● Aviamentos (zíperes, botões, etiquetas),
● E até embalagens.
Se fica mais caro exportar para os EUA, os fornecedores podem repassar esse custo para outros países, como o Brasil. Ou seja, mesmo sem estar diretamente envolvido na briga, o Brasil sente o impacto no bolso.
Dólar alto, guarda-roupa caro
Conflitos comerciais e medidas protecionistas costumam gerar instabilidade no mercado. E, quando isso acontece, o dólar geralmente dispara. Isso afeta o preço:
● Das roupas importadas,
● Dos tecidos e insumos usados na produção nacional,
● Do transporte e da logística global.
Resultado: até aquela blusinha feita no Brasil pode sair mais cara, porque parte da matéria-prima veio de fora — e foi cotada em dólar.
E o mercado de luxo? Também sente!
Marcas de luxo, por mais exclusivas que sejam, também dependem de uma cadeia global de produção:
● O couro pode vir de um país, o zíper de outro, e a fábrica estar em outro continente.
● Com tarifas e câmbio instáveis, os custos aumentam — e o preço do produto final também.
No Brasil, onde os impostos de importação já são altos, o consumidor sente ainda mais
Menos consumo, mais desejo
Com preços mais altos, muita gente compra menos — e as marcas sabem disso. Resultado?
● Peças se tornam mais “exclusivas”,
● Lançamentos são mais espaçados,
● E o consumo vira desejo — mas também seleção.
A gente começa a comprar menos, mas com mais intenção. E isso muda a forma como o mercado se comporta.
Resumindo:
A moda reflete o mundo.
Quando a economia global muda, a moda muda junto. E aquele look que parecia simples carrega, sem você perceber, um pedacinho da geopolítica mundial.
A economia é um look em camadas.
Na base, está a política global. No meio, estão as taxas, a inflação, o dólar. No topo, estão as “brusinhas” e os sonhos de consumo. Quando uma coisa sobe, todo o look fica mais pesado — no preço e no impacto.