Por que não regulamentar as plataformas de locação por curta temporada no Brasil?

Por que não regulamentar as plataformas de locação por curta temporada no Brasil?


Muitos brasileiros complementam sua renda alugando seus imóveis, movimentando o turismo e o comércio local; já a burocracia excessiva e o controle estatal sufocam essa dinâmica

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Manter plataformas como Airbnb e Booking livres de amarras é valorizar a liberdade econômica

A regulamentação de plataformas como Airbnb e Booking entrou em pauta nas últimas semanas no Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras, e o tema já ganhou relevância nacional. O debate opõe, de um lado, setores que pedem mais controle (como o hoteleiro) e, de outro, quem defende a inovação e uma economia dinâmica.

A questão é clara: o Brasil já tem regras suficientes para o setor. A Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91) autoriza locações de até 90 dias, tornando a prática legal e regulamentada. Proibir ou restringir além disso violaria o direito de propriedade de quem aluga e, muitas vezes, tem sua única renda atrelada à atividade. Além do mais, condomínios já podem coibir abusos e prefeituras cobrar ISS dentro das normas vigentes, sem criar novas restrições.

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A experiência internacional mostra que o excesso de regulação pode sair pela culatra. Em Barcelona, após uma década de regras rígidas contra plataformas de curta temporada, o resultado foi frustrante: déficit habitacional recorde e aluguéis de longa duração 70% mais caros​. Ou seja, a crise de moradia não se resolveu. Nem o chamado “excesso de turismo” foi contido.

O Censo de 2022 indica que há mais de 11 milhões de domicílios vazios no Brasil, bem acima do déficit habitacional (6,2 milhões de moradias em 2022​). Não faltam imóveis – falta aproveitá-los, algo fora do escopo do Airbnb e plataformas similares. Para os turistas, restringir o aluguel de curta duração significa menos concorrência e preços mais altos. Em Nova York, após um ano de restrições, as diárias de hotel subiram 7,4%, muito acima da média nacional​. Menos concorrência resultou em menos opções e custos maiores aos viajantes – e nenhuma queda perceptível nos aluguéis residenciais.

Manter plataformas como Airbnb e Booking livres de amarras é defender princípios liberais. É valorizar a liberdade econômica – o direito de empreender e inovar – e incentivar a economia compartilhada, que gera renda. Muitos brasileiros complementam sua renda alugando seus imóveis, movimentando o turismo e o comércio local. Já a burocracia excessiva e o controle estatal sufocam essa dinâmica e atendem apenas interesses estabelecidos que temem a concorrência.

O turismo é a cara do Brasil. Muitas cidades dependem diretamente dele, enquanto outras estão descobrindo nele novas fontes de crescimento e desenvolvimento econômico. Em vez de criar mais regras, devemos fazer cumprir as já existentes e confiar na liberdade e na inovação para beneficiar toda a sociedade.

* Pedro Duarte é vereador reeleito no Rio de Janeiro e Presidente da Comissão de Assuntos Urbanos, formado em Direito pela PUC-Rio, com especializações em Gestão Pública no INSPER, FGV-Rio e Harvard Kennedy School. Atua em defesa da mobilidade urbana, transparência e liberdade econômica. É membro Livres desde 2016.

Esta publicação é uma parceria da Jovem Pan com o Livres
O Livres é uma associação civil sem fins lucrativos que reúne ativistas e acadêmicos liberais comprometidos com políticas públicas pela ampliação da liberdade de escolha

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.





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