Bolsas de valores têm forte queda e dólar chega a R$ 5,90 em meio à tarifaço de Trump

Bolsas de valores têm forte queda e dólar chega a R$ 5,90 em meio à tarifaço de Trump


A partir de quarta-feira (9/4), os custos para importações de bens oriundos da União Europeia e da China serão ainda mais elevados, com tarifas de 20% e 34%, respectivamente

Os mercados financeiros internacionais começaram a semana sob forte pressão, em meio a um cenário de crescente incerteza econômica causado pelas tarifas globais impostas pelos Estados Unidos. A medida, liderada pelo presidente Donald Trump, provocou uma reação imediata nos principais centros financeiros de todo o mundo, especialmente o da Ásia e da Europa, com quedas expressivas nos índices de referência.

Em Tóquio, o índice Nikkei encerrou o dia com retração de 7,8%, enquanto a bolsa de Seul cedeu 5,6% e o mercado de Sydney caiu 4,2%. Hong Kong registrou o tombo mais severo da região, com desvalorização de 13,22%, o maior recuo em um único pregão desde a crise financeira de 1997.

Na Europa, a abertura dos mercados foi igualmente sombria. O índice DAX, da bolsa de Frankfurt, chegou a cair mais de 10% nos primeiros minutos, fechando com baixa de 7,86%. Paris registrou retração de 6,19%, enquanto Londres, Madrid e Milão recuaram 5,83%, 3,6% e 2,32%, respectivamente.

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O gatilho para esse cenário de instabilidade foi acionado na semana passada, quando Donald Trump anunciou uma ofensiva tarifária sem precedentes, atingindo inclusive aliados históricos dos Estados Unidos. O presidente norte-americano justificou a medida afirmando que os países visados estariam “saqueando” a economia americana. Como resposta, entrou em vigor no sábado uma tarifa de 10% sobre todas as importações americanas, no Brasil.

A partir de quarta-feira (9/4), os custos para importações de bens oriundos da União Europeia e da China serão ainda mais elevados, com tarifas de 20% e 34%, respectivamente.

No Brasil, os impactos também foram sentidos. O câmbio abriu o dia em alta, cotado a R$ 5,88 na venda. Às 11h00, a moeda acelerava a valorização, subindo 1%, a R$ 5,9008. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, começou o pregão com leve baixa, mas as perdas se intensificaram ao longo da manhã. No mesmo horário, o índice recuava 1,9%, aos 124.844 pontos.

Em Wall Street, os índices abriram em forte queda, refletindo a aversão ao risco. O S&P 500 opera próximo do chamado “bear market” — expressão utilizada quando os mercados enfrentam quedas prolongadas acompanhadas por um sentimento generalizado de pessimismo.

China revida

Em resposta às novas taxações de Trump, o governo chinês anunciou, logo após o fechamento dos mercados asiáticos na sexta-feira, tarifas de 34% sobre produtos americanos, com início previsto para 10 de abril. Pequim também informou restrições na exportação de sete minerais raros, essenciais para indústrias de ponta. Entre eles, o gadolínio — usado em equipamentos de ressonância magnética — e o ítrio, presente em dispositivos eletrônicos.

Durante uma reunião realizada no domingo com executivos de grandes empresas dos EUA, o vice-ministro do Comércio chinês, Ling Ji, defendeu as medidas adotadas por Pequim. Segundo ele, as tarifas “protegem firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas, incluindo as americanas”. Ling acrescentou que o objetivo também é “recolocar os Estados Unidos no caminho certo do sistema comercial multilateral”.

Entre os participantes do encontro estavam representantes de gigantes como Tesla, GE Healthcare e Medtronic.

Setores mais penalizados

A nova ofensiva tarifária impactou de forma ampla os setores econômicos, especialmente na Ásia. Empresas de tecnologia, montadoras, instituições financeiras e até operadoras de cassinos figuraram entre as principais prejudicadas.

Gigantes chinesas do setor de tecnologia foram fortemente atingidas: o Alibaba recuou mais de 17%, enquanto a JD.com sofreu queda de 14%.

Segundo Steve Cochrane, economista-chefe para a Ásia e Pacífico da Moody’s Analytics, “poderíamos ver muito rapidamente uma recessão nos Estados Unidos e poderia durar aproximadamente um ano, bastante prolongada”.

As tensões comerciais também derrubaram os preços das commodities. O barril de petróleo caiu mais de 3% nesta segunda-feira, pressionado pela expectativa de retração na demanda. O cobre, metal fundamental na indústria de energia limpa, também registrou perdas relevantes.



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