Você pagaria caro por uma mala usada, riscada e com história de outro? A Rimowa quer que sim

Você pagaria caro por uma mala usada, riscada e com história de outro? A Rimowa quer que sim


A marca lançou uma coleção com malas que já rodaram o mundo — literalmente. Elas vêm com cicatrizes, adesivos alheios e um preço que passa fácil dos R$ 6 mil

A Rimowa, grife alemã que se tornou símbolo de status no aeroporto e fora dele, acaba de lançar a coleção Re-Crafted: uma linha de malas usadas, reaproveitadas, cheias de marcas do tempo e, segundo a marca, com muita personalidade. Sim, o novo luxo pode ter rodinhas, riscos e o nome de outra pessoa escrito no adesivo de bagagem. Um clássico de alumínio e resistência (com alguns amassados pelo caminho).

Fundada em 1898 na Alemanha, a Rimowa ficou conhecida por suas malas de alumínio com design canelado, estrutura rígida e promessa de durabilidade. A ideia era clara: criar uma mala que atravessasse o tempo, suportasse as pancadas do mundo real e ainda saísse elegante na esteira do aeroporto.

Veja as fotos

Foto/Rimowa

Rimowa lança a coleção Re-CraftedFoto/Rimowa

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Rimowa lança a coleção Re-CraftedFoto/Rimowa

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Rimowa lança a coleção Re-CraftedFoto/Rimowa

NandaFigueiras 1

Reprodução: Portal LeoDias/Nanda Figueiras

Exemplo da cor na modaReprodução: Portal LeoDias/Nanda Figueiras

Divulgação

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Mas tem um detalhe: por serem feitas em alumínio, elas amassam. E isso nunca foi um defeito — foi marketing. A marca sempre defendeu que cada amassado conta uma história. E agora, elevou essa lógica a um novo patamar: você pode comprar a mala já com as cicatrizes incluídas.

A lógica por trás?

Batizada de Rimowa Re-Crafted, a linha chega com um toque de sustentabilidade e uma pitada de ironia involuntária: você pode agora comprar uma mala que já rodou o mundo com outro dono — por um valor próximo de uma nova (ou até mais, dependendo do charme dos arranhões e dos adesivos).

Algumas vêm até com aquele clássico selo de aeroporto europeu, pra deixar claro que você, ou pelo menos sua mala, tem história no passaporte. A marca quer que você compre uma mala com cicatrizes — por um valor nada simbólico.

E se for conceito?

Não estamos falando de brechó ou outlet. A proposta é outra: o desgaste virou diferencial de luxo, quase como se cada amassado carregasse um “era uma vez em Berlim”. É a estética do usado com propósito, da história comprável, do vintage premium. Um storytelling sobre rodas.

Mas aí vem a pergunta inevitável: a história dos outros vale o seu dinheiro? Por enquanto, só nos EUA. A coleção ainda não chegou ao Brasil — o que dá tempo pra digerir a ideia e montar os argumentos, caso você esbarre com uma dessas no portão de embarque.

E sim, ela vai chamar atenção. Porque em tempos de consumo emocional, até a mala tem que ter um passado digno de repost.

Como funciona o Re-Crafted?

A iniciativa começou de forma discreta. A empresa anunciou que compraria qualquer mala Rimowa autêntica por US$ 300, independentemente do estado de conservação. O valor é entregue em forma de voucher para ser usado na loja, com compra mínima de US$ 600 (antes dos impostos).

As malas são então enviadas para oficinas de reparo, onde são restauradas funcionalmente — mas a aparência externa, com amassados, riscos e autocolantes de viagens passadas, é preservada de propósito.

Os preços das peças da linha Re-Crafted variam entre US$ 600 e US$ 1.000 (cerca de R$ 3.000 a R$ 5.000), aproximadamente metade do valor de uma mala nova.

Nos mercados onde a iniciativa já foi testada — como Alemanha, Coreia do Sul e Japão — os produtos esgotaram em minutos ou poucas horas.

É sustentável? Sim. É uma crítica ao consumo exagerado? Talvez. É genial? Depende. Você compraria? Ou vai continuar tentando manter sua mala inteira, enquanto o luxo agora é carregar as cicatrizes — dos outros?



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