Mercado de trabalho dos EUA, indústria chinesa e índice da atividade industrial do Brasil estão entre os temas
Os índices futuros das ações nos Estados Unidos apontavam para uma abertura em queda das bolsas em Nova York nesta 3ª feira (1º.abr.2025), com investidores aguardando o anúncio do presidente Donald Trump sobre novas tarifas comerciais. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, confirmou que o anúncio será feito em 2 de abril.
O mercado também acompanha dados de abertura de vagas de emprego previstos para hoje nos EUA, enquanto a incerteza em torno das tarifas continua sustentando os preços do ouro em nova máxima histórica. No Brasil, o mercado ficará atento a dados da atividade industrial.
1. Ações norte-americanas
Os contratos futuros dos principais índices de ações dos EUA operam próximos da estabilidade, com os mercados globais atentos ao anúncio de tarifas previsto para os próximos dias.
Às 7h45 de Brasília, os contratos futuros do Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq 100 recuavam 0,45%, 0,33% e 0,29%, respectivamente.
Na 2ª feira (31.mar), os índices de Wall Street fecharam de forma mista, com os investidores adotando postura cautelosa antes da divulgação oficial das tarifas, marcada para o “Dia da Libertação”, como Trump tem se referido à data de 2 de abril.
O presidente argumenta que as tarifas são necessárias para corrigir os desequilíbrios comerciais entre os EUA e seus parceiros, além de estimular o retorno da atividade manufatureira ao território americano. Contudo, economistas alertam que as medidas podem reacender pressões inflacionárias e prejudicar o crescimento, elevando o risco de estagflação.
O receio em torno das tarifas tem pressionado o sentimento dos investidores, que até então contavam com uma agenda mais pró-crescimento no início do novo mandato. O S&P 500 caminha para o pior desempenho trimestral desde 2022.
Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, Trump anunciará o novo pacote tarifário no dia 2 de abril, por volta das 16h de Brasília, em entrevista à Fox News na 2ª feira (31.mar).
“Não vou me antecipar ao presidente. Ele fará o anúncio às 3 horas da tarde, na 4ª feira (2.abr)”, afirmou Bessent a Sean Hannity.
“Vamos buscar um comércio justo […] todos terão a oportunidade de reduzir suas tarifas e barreiras não tarifárias […] e tornar o sistema global de comércio mais justo para os trabalhadores americanos”, disse o secretário.
As declarações refletem o posicionamento de Trump de que os EUA são tratados de forma injusta no comércio internacional. A expectativa é que ele adote tarifas equivalentes às enfrentadas por produtos norte-americanos no exterior.
Na noite de 2ª feira (31.mar), a Casa Branca divulgou uma lista detalhada de regulações estrangeiras consideradas barreiras comerciais, incluindo alíquotas tarifárias e normas que abrangem de segurança alimentar à energia renovável.
2. Mercado de trabalho
O mercado também acompanha a divulgação de uma série de indicadores econômicos ao longo da semana, além de um discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, Banco Central dos EUA), Jerome Powell.
Nesta 3ª feira (1º.abr), será divulgado o relatório JOLTS, que mede o número de vagas abertas na economia em fevereiro — dado considerado uma proxy da demanda por trabalho. A estimativa é de 7,690 milhões de postos em aberto, levemente abaixo dos 7,740 milhões registrados no mês anterior.
A divulgação antecede o relatório oficial de criação de empregos não-agrícolas (payroll), previsto para 6ª feira (4.abr). A preocupação é que as tarifas de Trump prejudiquem a atividade e, consequentemente, o mercado de trabalho. O Goldman Sachs (NYSE:GS) elevou para 35% a probabilidade de recessão nos próximos 12 meses.
3. China
A atividade industrial da China cresceu acima do esperado em março, atingindo o maior nível em 4 meses, segundo dados do índice PMI (Índice de Gerentes de Compras) privado divulgados nesta 3ª feira (1º.abr).
O PMI industrial Caixin subiu para 51,2 em março, superando a expectativa de 50,6 e o resultado anterior de 50,8. Leitura acima de 50 indica expansão.
Esse foi o 6º mês consecutivo de crescimento, impulsionado por novos pedidos e lançamentos de produtos. A demanda externa também melhorou, com o maior avanço nos pedidos de exportação em quase 1 ano.
“A maioria das empresas consultadas demonstrou otimismo em relação à economia no curto prazo, embora ainda haja cautela diante da possibilidade de agravamento das tensões comerciais globais”, afirmou Wang Zhe, economista sênior da Caixin Insight.
4. Ouro, petróleo e bitcoin
Os preços do ouro renovaram a máxima histórica nas negociações asiáticas desta 3ª feira (1º.abr), impulsionados pela busca por proteção diante da aproximação dos anúncios tarifários do governo dos EUA.
A incerteza sobre os rumos da política comercial tem direcionado investidores ao ouro, ativo tradicionalmente procurado em momentos de instabilidade geopolítica e econômica. O metal acumula 4 sessões consecutivas de recordes históricos.
O bitcoin avançava nesta 3ª feira (1º.abr), depois de uma queda de aproximadamente 11% no 1º trimestre. O sentimento segue fragilizado diante das medidas de Trump.
Os preços do petróleo também operavam em alta moderada, depois de Trump ameaçar impor tarifas secundárias ao petróleo russo e atacar o Irã. Ainda assim, os temores de que as tarifas possam prejudicar o crescimento global limitaram os ganhos. Na véspera, os contratos atingiram o maior nível em 5 semanas.
5. Brasil
A S&P Global divulgará hoje o PMI sobre a atividade industrial do Brasil para o mês de março.
No relatório anterior, o indicador subiu para 53,0 em fevereiro, contra 50,7 em janeiro, sinalizando a maior expansão do setor em 5 meses, graças ao aumento nas vendas internas e retomada da produção.
A S&P Global destacou que o avanço foi sustentado por condições de demanda mais favoráveis e pelo otimismo em relação ao futuro, que levou à aceleração da criação de vagas, no ritmo mais forte desde maio de 2024.
Na 2ª feira (31.mar) tivemos também declarações do diretor de Política Monetária, Nilton David, e do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, do Banco Central, sobre o cenário econômico no Brasil.
David afirmou que o ciclo de alta da Selic ainda não foi encerrado, mas os próximos ajustes deverão ser menores. Justificou a retirada gradual do forward guidance- orientação futura- como uma forma de evitar instabilidade nos mercados e alertou para a persistência da inflação, que deve continuar pressionada nos próximos meses.
Já Guillen citou a necessidade de manter juros elevados por mais tempo, em razão da desancoragem das expectativas de inflação. Em sua visão, a atividade econômica apresenta sinais de robustez, mas chamou a atenção para o cenário externo incerto, especialmente diante da política comercial agressiva dos EUA.
Com informações da Investing Brasil.