Parasita é encontrado em onças-pintadas no Pantanal

Parasita é encontrado em onças-pintadas no Pantanal


Estudo da Unesp identifica Spirometra spp. em 1/3 das amostras fecais analisadas; contaminação ocorre por água não tratada ou carne malcozida de hospedeiros

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) identificaram pela 1ª vez a presença do parasita Spirometra spp. em onças-pintadas que habitam o Pantanal. O estudo, realizado entre 2022 e 2024 na região da Fazenda Piuval, próxima à cidade de Poconé, no Mato Grosso, analisou amostras fecais dos felinos através de sequenciamento genético. A informação foi divulgada pelo O Globo nesta 2ª feira (31.mar.2025).

O parasita, capaz de causar esparganose em humanos, foi detectado em aproximadamente 1/3 das 40 amostras coletadas na região. A doença representa um risco significativo à saúde pública quando pessoas consomem água contaminada com pequenos crustáceos infectados ou ingerem carne malcozida de hospedeiros intermediários como anfíbios e répteis.

Em humanos, as larvas do Spirometra spp. tipicamente se alojam no tecido subcutâneo, formando nódulos. Nos casos mais graves, podem migrar para músculos, olhos e sistema nervoso central, provocando diversos sintomas, incluindo dor, inflamação, convulsões e até cegueira.

Os resultados do estudo sugerem que o parasita está circulando ativamente no ecossistema da região pantaneira. A análise das amostras revelou sua presença em uma área onde nunca havia sido documentado anteriormente, o que indica potenciais riscos para outros animais e para as comunidades humanas locais.

O estudo defende a importância do conceito de “Saúde Única”, abordagem que considera a saúde humana, animal e ambiental como sistemas interligados. Esta perspectiva estimula a colaboração entre diversas disciplinas científicas para monitorar patógenos e prevenir surtos antes que se tornem problemas de saúde pública.

O estudo também contribui para uma nova percepção sobre as onças-pintadas, que podem ser vistas como bioindicadores de doenças circulantes no ambiente. A abordagem tem potencial para melhorar a relação entre as comunidades locais e estes predadores, frequentemente envolvidos em conflitos com produtores rurais na região.





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