Política de direita lidera pesquisa para as eleições presidenciais de 2027, é acusada de desviar recursos do Parlamento Europeu; se condenada, ficará inelegível
A sentença do caso envolvendo Marine Le Pen, líder do partido de direta francês Reagrupamento Nacional, será anunciada nesta 2ª feira (31.mar.2025). Se condenada, Le Pen, de 56 anos, enfrentará uma inelegibilidade automática de 5 anos, o que a impedirá de concorrer à presidência em 2027.
Em 13 de novembro, a Procuradoria de Paris solicitou uma pena de 5 anos de prisão e inelegibilidade para a líder do RN, por suposto desvio de fundos da UE (União Europeia). O pedido se deu quase uma década depois do início das investigações. Inclui também uma multa de 300 mil euros.
As autoridades acusaram Le Pen e outras 24 pessoas de usarem indevidamente cerca de 3 milhões de euros do Parlamento Europeu. Segundo a investigação, eles destinaram o dinheiro ao pagamento de funcionários que trabalhavam para o partido francês de 2012 a 2016, período em que Le Pen atuava como eurodeputada.
O partido afirma que o valor teria sido usado legitimamente.
Le Pen lidera as pesquisas eleitorais para a próxima eleição presidencial, daqui a 2 anos. Segundo uma pesquisa do Ifop, publicada em março, ela tem 36% das intenções de voto no cenário de voto estimulado. Caso a política seja barrada do pleito de 2027, seu provável substituo será Jordan Bardella, atual presidente do partido.
O apoio a ambos é particularmente forte entre os simpatizantes do Reagrupamento Nacional, com 90% expressando o desejo de que Bardella seja candidato e 87% apoiando uma candidatura de Le Pen. No cenário de uma condenação da líder, 60% dos entrevistados antecipam uma candidatura de Bardella.
Eleito para a presidência do partido em novembro de 2022, Bardella, de 29 anos, afirmou ser um candidato de continuidade, com o objetivo de proteger o legado de Le Pen.
No entanto, segundo o jornal francês Le Monde, Bardella enfrenta dificuldades para consolidar o partido como uma alternativa governante. Mesmo com bons resultados eleitorais, sua gestão é criticada internamente por falta de organização e centralização excessiva.
A maior ameaça à liderança da direita nas pesquisa é Édouard Philippe (Horizontes, centro-direita), atual prefeito de Le Havre. Ele tem 25% das intenções de voto.
Correm por fora o ex-parlamentar Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa, esquerda), com 12%, e Éric Zemmour, presidente do partido de direita Reconquista. O ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, do partido Renascimento (centro), o mesmo do atual presidente Emmanuel Macron, aparece bem nos levantamentos, mas não confirma sua intenção em concorrer à Presidência.
Macron não pode ser reeleito. Está em seu 2º mandato consecutivo, o limite estabelecido pela Constituição francesa. Macron foi eleito em 2017 e reeleito em 2022.
Impopularidade de Macron
Enquanto Marine Le Pen mantêm a liderança nas pesquisas, o atual presidente da França, Emmanuel Macron (Renascimento, centro), enfrenta uma queda contínua de popularidade.
Uma pesquisa do jornal Político, publicada em 20 de março, mostra que 72% dos franceses desaprovam sua gestão, enquanto apenas 27% aprovam. No mesmo período, em 2024, sua desaprovação era de 68% contra 30% de aprovação, evidenciando uma tendência de queda desde 2023, impulsionada pela insatisfação da população com o seu governo.
Os principais fatores por trás do aumento de sua impopularidade incluem:
- reformas impopulares, especialmente a da previdência e mudanças nas leis trabalhistas, que geraram protestos e oposição.
- crises sociais e políticas: O movimento dos coletes amarelos em 2018 foi um indicativo do descontentamento popular com a política de Macron.
- aumento do custo de vida, especialmente com a inflação e os aumentos nos preços de energia e alimentos.
Este post foi produzido pela estagiária de jornalismo Nathallie Lopes sob supervisão do editor Ighor Nóbrega.