Funk, bossa nova, pop, piseiro e até reggaeton. Quando você vê tantos gêneros misturados em um álbum só, geralmente se presume uma bagunça sonora. No caso do “Coisas Naturais”, terceiro álbum de estúdio de Marina Sena, a diversidade é o conceito. Ao portal LeoDias, a estrela contou o que quis dizer com essa combinação inusitada de estilos.
“Eu quero dizer que o Brasil é diverso, que são muitos brasis dentro do Brasil. O pop se modifica em cada região, cada lugar consome pop de uma forma diferente. Além dos ritmos que em cada estado pega mais”, disse a artista ao portal LeoDias.
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Marina ainda comentou sobre sua origem e como isso contribuiu com o “Coisas Naturais”. “Eu sou do norte de Minas Gerais, é um ponto muito importante para o Brasil, que é o sertão mineiro. Lá é o entrelaço de várias culturas, e ele está muito bem representado no álbum”, complementa.
Com o lançamento marcado para as 21h desta segunda (31/3), o repertório de 13 faixas já é um marco na carreira da mineira. O número de pré-saves (adicionar o álbum antes mesmo do lançar) aumentou em quase 20 vezes em relação ao recorde anterior, com mais de 70 mil apenas no Spotify.
Como uma das figuras mais interessantes do pop nacional, Marina Sena não coleciona grandes hits radiofônicos (com exceção da ótima “Por Supuesto”), mas consolidou uma enorme base de fãs fervorosos e conquistou a curiosidade dos apreciadores de boa música.
Como dito no começo deste texto, o “Coisas Naturais” é uma grande (e excelente) mistura de ritmos musicais. Com referências que passam por Gal Costa e Rita Lee até o que há de mais atual na música urbana atual.
“É o meu trabalho mais maduro. Que eu mais estou desenvolvida intelectualmente para trazer esse repertório. Depois do ‘Vicio Inerente’ eu decidi me desconectar e ainda viver, porque é da realidade que vem a poesia. Pirei muito em Rita, Mutantes e, claro, a Gal”, comentou.
O que esperar do “Coisas Naturais”?
O portal LeoDias ouviu antecipadamente o “Coisas Naturais” e garante que é o melhor disco da cantora até então.
A abertura é com a faixa título, que é uma explosão pop dançante com características de música regional. Na sequência vem a já conhecida “Numa Ilha”, que continua uma levada de canções caracteristicamente brasileiras.
Logo depois vem “Desmitificar”, a favorita de Marina em todo o disco. Nesta, o som é claramente inspirado em Gal Costa na era menos calma com um canto diferente e bem executado.
Em “Anjo”, Marina mostra que é, acima de tudo, uma diva pop. A parte vocal é novamente destaque com um refrão chiclete sem ser forçado. Um dos pontos mais altos do disco.
Após uma sequência claramente brasileira, a quinta canção poderia ser lançada por estrelas latinas como Karol G ou Natti Natasha. Com as boas participações de Gaia e Nenny, a faixa é um reggaeton perfeitamente executado com um bom molho.
O outro feat no álbum, “Doçura”, colaboração com Çantamarta, é outra música com a cara da América Latina. Ao contrário de outras figuras do pop nacional que forçam lançamentos em língua estrangeira pensando em hitar internacionalmente, Marina Sena diz que surgiu naturalmente, e que não foi planejado.
“Não foi algo intencional. Simplesmente aconteceu, não foi planejado. Eu escrevi ‘Doçura’ enquanto estava em Portugal, e lá eu fiquei pensando que era a cara do Çantamarta. Entrei em contato, a comunicação foi estranha porque eu não falo espanhol e eles não sabem português, mas veio aí”, disse Marina Sena.
A partir daí, cada música possui uma personalidade única e uma experimentação em um novo ritmo. “Sem Lei”, por exemplo, é de um pop mais calmo com groove à la Rita Lee, enquanto “Sensei” é sombria e com traços de R&B.
“Lua Cheia” retoma um pouco a pegada regional do começo do álbum e brinca bastante com a voz de Marina, com efeitos e um uso interessante de autotune.
Muitos ficaram curiosos com o anúncio da cantora de que teria um reggae no disco, que surge na gostosa “Combo da Sorte”.
O pop volta com tudo com “Mágico”, que não deve nada às melhores canções do gênero em todo mundo como “Espresso” ou “Sports Car” de exemplos mais recentes.
Após o segundo feat, vem um “susto” no álbum, como disse Marina na audição exclusiva. “Carnaval” é um funk pesado, rápido e viciante. A definição de Sena foi perfeita, é a faixa mais diferente de todo o “Coisas Naturais” e de toda a carreira da mineira. O que poderia soar estranho, na verdade é um baita acerto.
Por fim, “Ouro Tolo” é um bossa nova com batidas mais marcadas. Com um violão bem pronunciado e uma letra forte, o álbum termina com uma performance emotiva e um monólogo sobre o desamor.
Com estreia ao vivo marcada para o próximo dia 26 de abril em São Paulo, no Espaço Unimed, Marina Sena vai em seu melhor momento como artista, e com o repertório mais interessante dos últimos anos do pop nacional.
Nota: 9,0