Manifestação aconteceu no lado asiático da cidade, respondendo ao chamado do Partido Republicano do Povo; prisão de Imamoglu, ocorrida em 19 de março, gerou uma onda de protestos em todo o país

Neste sábado (29), centenas de milhares de pessoas se reuniram em Istambul para protestar contra a prisão de Ekrem Imamoglu, prefeito da cidade e um dos principais opositores do presidente Recep Tayyip Erdogan. A manifestação aconteceu no lado asiático de Istambul, respondendo ao chamado do Partido Republicano do Povo (CHP), ao qual Imamoglu pertence. De acordo com estimativas do CHP, cerca de 2,2 milhões de pessoas participaram do protesto. Entre os manifestantes estavam a esposa, a mãe e os filhos do prefeito.
Desde o início da manhã, balsas fretadas pelo partido começaram a transportar os manifestantes através do Estreito de Bósforo. Muitos carregavam bandeiras turcas e retratos de Mustafa Kemal Atatürk, o fundador da República da Turquia. A jovem Melis Basak Ergun, de 17 anos, destacou a importância do movimento, afirmando que os manifestantes não seriam intimidados pela violência ou gás lacrimogêneo. “Somos nós, o povo, que escolhemos nossos governantes”, disse.
Em uma mensagem lida por Özgür Özel, líder do CHP, Imamoglu pediu apoio aos jovens, afirmando que são eles quem mais sentem a angústia com o futuro do país. “Não se trata de Ekrem Imamoglu, mas de nosso país, da justiça, da democracia, da liberdade”, acrescentou. A prisão de Imamoglu, ocorrida em 19 de março, gerou uma onda de protestos em todo o país. Desde então, as manifestações têm ocorrido todas as noites em diversas cidades, com a proibição de autoridades. Özel afirmou que, mesmo com a repressão, os protestos continuarão aos sábados e nas noites de quarta-feira em Istambul, e que o CHP está disposto a correr o risco de anos de prisão.
A repressão aos protestos resultou em diversas detenções, incluindo manifestantes, jornalistas e advogados. Na última sexta-feira (28), 511 estudantes foram presos em Istambul, com 275 deles sendo encarcerados. Desde o início da repressão, mais de 2.000 pessoas foram detidas, e muitos continuam sob acusação de participar de manifestações ilegais. A prisão de Imamoglu ocorreu em um momento crítico para o CHP, que o via como seu possível candidato à presidência nas eleições de 2028.

Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp!
Enquanto isso, a repressão também atingiu a imprensa: o jornalista sueco Joakim Medin foi preso e acusado de “insultar o presidente” e de ser “membro de uma organização terrorista armada”. A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) expressou preocupação com os abusos e pediu a libertação do jornalista, se seus direitos não forem totalmente respeitados. Este sábado também marca o início do feriado prolongado do Eid al-Fitr, que celebra o fim do Ramadã, o que reduziu a participação de pessoas nas ruas, já que muitas viajaram para fora da cidade.
*Com informações da AFP
Publicado por Felipe Cerqueira