Congresso em Foco

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A quatro dias da implementação das novas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, o presidente Lula declarou neste sábado (29) que não hesitará em contatar o líder norte-americano “assim que julgar necessário conversar”. Lula concedeu uma entrevista coletiva em Hanói, no Vietnã, onde concluiu sua viagem à Ásia. Antes, visitou o Japão.

“No momento em que eu sentir a necessidade de dialogar com o presidente Trump, não terei nenhum impedimento em ligar para ele. Da mesma forma, espero que ele se sinta à vontade para me contatar caso veja interesse em conversar comigo”, afirmou Lula em resposta a questionamentos sobre o tema.

Entrevista coletiva de Lula em Hanói foi seu último compromisso na Ásia antes de embarcar para o Brasil

Entrevista coletiva de Lula em Hanói foi seu último compromisso na Ásia antes de embarcar para o BrasilRicardo Stuckert/PR

O presidente informou que o Brasil mantém negociações com os Estados Unidos. O tarifaço de Trump, como tem sido chamado, entrará em vigor na próxima quarta-feira (2). “Antes de recorrermos a medidas de reciprocidade ou a disputas na Organização Mundial do Comércio (OMC), nosso objetivo é esgotar todas as possibilidades de diálogo para estabelecer um livre comércio com os Estados Unidos”, ressaltou o presidente, conforme relato da BBC Brasil.

Após destacar que Trump “tem a prerrogativa de conduzir a política americana da maneira que considerar apropriada”, Lula ponderou: “E nós devemos ter o direito de definir a política brasileira conforme nossos interesses, sempre defendendo os princípios do livre comércio”.

Lula também expressou aprovação em relação à forma como Trump tem tentado mediar o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia algo que, segundo ele, o ex-presidente Joe Biden deveria ter feito.”Sou compelido a reconhecer que, nesse aspecto, Trump está no caminho correto.”

Cessar-fogo

Recentemente, Rússia e Ucrânia chegaram a um acordo com os Estados Unidos para um cessar-fogo na região do Mar Negro, área marítima adjacente aos dois países. A Casa Branca divulgou o entendimento por meio de duas notas oficiais, após encontros entre seus representantes e delegações de Moscou e Kiev, realizados na Arábia Saudita.

A viagem à Ásia foi marcada por declarações de Lula em defesa do multilateralismo e por demonstrações de apreço aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que integraram a comitiva além dos ex-presidentes das casas legislativas, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Saldo da viagem

No Vietnã, Lula anunciou a autorização para a venda de carne bovina brasileira ao país e reconheceu o Vietnã como economia de mercado. O presidente também prometeu iniciar a negociação de um acordo MercosulVietnã quando o Brasil assumir a presidência do bloco, no segundo semestre deste ano. O país asiático opera sob um regime de partido único, sem permissão para oposição política.

“Para nós, brasileiros, é fundamental compreender que podemos ser uma porta de entrada para o Vietnã na América Latina. Igualmente importante é buscarmos integrar o Vietnã a um acordo com o Mercosul, assim como é crucial que o Vietnã se torne uma porta de entrada para o Brasil na Asean”, afirmou Lula. A Asean é o bloco econômico formado por países do Sudeste Asiático.

Na capital vietnamita, Lula se encontrou com os chamados quatro pilares do governo local: o primeiro-ministro, Pham Minh Chinh; o presidente, Luong Cuong; o presidente da Assembleia Nacional, Tr?n Thanh M?n; e a figura mais influente, o secretário-geral do Partido Comunista, Tô Lâm.

O volume de comércio entre Brasil e Vietnã totalizou US$ 7,7 bilhões em 2024. A meta conjunta é alcançar US$ 15 bilhões até 2030. O Brasil importa principalmente equipamentos de telecomunicações do Vietnã. Em contrapartida, exporta mais para o país asiático do que para nações como Portugal, Reino Unido ou França. Entre os principais produtos exportados estão milho, algodão e soja.

Esta é a segunda visita de Lula ao Vietnã. A primeira ocorreu em 2008, quando ele se tornou o primeiro líder brasileiro a visitar o país.



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