Congresso em Foco

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Heloisa Teixeira era imortal desde o ano passado, enquanto Marcos Vilaça era da ABL desde 1985

Heloisa Teixeira era imortal desde o ano passado, enquanto Marcos Vilaça era da ABL desde 1985ABL e Lucia Ourique/MinC/Congresso em Foco

O Brasil vive um fim de semana de luto com a perda de dois imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL), em menos de 24 horas. Morreu neste sábado (29), no Recife, o professor, advogado, jornalista, ensaísta e poeta Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, aos 85 anos. Um dia antes, na sexta-feira (28), faleceu no Rio de Janeiro a escritora e crítica literária Heloisa Teixeira, também aos 85 anos. As mortes causaram grande comoção na ABL e no meio intelectual brasileiro.

Marcos Vinicios Vilaça morreu de falência múltipla de órgãos na Clínica Florença, no bairro das Graças, no Recife. Ocupante da cadeira nº 26 desde 1985, foi presidente da ABL em dois períodos (2006-2007 e 2010-2011) e teve uma trajetória marcante na cultura brasileira e na vida pública. Natural de Nazaré da Mata (PE), Vilaça foi ministro e presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), presidiu a Funarte e a Fundação Pró-Memória, e foi um pensador ativo em debates sobre política cultural.

Entre suas obras destacam-se Nordeste: Secos & Molhados (1972), O tempo e o sonho (1984), Recife Azul, líquido do céu (1972) e Por uma Política Nacional de Cultura (1984). Sua produção literária começou ainda na juventude, com obras como A Escola e Limoeiro (1958) e Em torno da Sociologia do Caminhão (1961), premiada pela Academia Pernambucana de Letras.

Marcos Vilaça será cremado, e as cinzas serão jogadas na Praia de Boa Viagem, em Recife, onde já repousam as da esposa, Maria do Carmo, atendendo a um desejo antigo do casal. Eles eram pais do artista plástico e colecionador de arte Marcantônio Vilaça, falecido em 2000.

Feminismo

Já Heloisa Teixeira, falecida na sexta-feira (28), foi uma das intelectuais mais influentes da crítica literária brasileira e uma das principais vozes do feminismo no país. Eleita para a ABL em 2023, ela ocupava a cadeira nº 30, sucedendo Nélida Piñon. Morreu no Rio de Janeiro, vítima de complicações de uma pneumonia e insuficiência respiratória aguda.

Professora, pesquisadora e autora de obras essenciais sobre literatura e gênero, Heloisa foi a décima mulher a integrar a ABL, abrindo ainda mais espaço para a participação feminina em uma das instituições culturais mais tradicionais do país. Atuou também no Conselho Curador da Fundação Roberto Marinho entre 2021 e 2023.

Em nota, a ABL lamentou a partida de seus membros e exaltou os legados de ambos: “Perdemos duas vozes fundamentais para a cultura brasileira. Suas trajetórias, ideias e contribuições ficarão marcadas na história da Academia e do país”.

Política

Marcos Vilaça começou sua trajetória na vida política em 1966, quando se tornou chefe da Casa Civil de Pernambuco no governo Paulo Guerra e, nos anos 1970, comandou secretarias na gestão de Eraldo Gueiros Leite. Foi membro da Arena, seu 1º secretário, depois integrou o PDS e ajudou a fundar o PFL.

Na década de 1980, presidiu a Legião Brasileira de Assistência e foi nomeado secretário para Assuntos Especiais pelo presidente José Sarney, que também o indicou ao TCU em 1988. No TCU, ampliou as relações internacionais da instituição, firmando acordos de cooperação técnica e cultural que fortaleceram a presença do Brasil em debates globais sobre auditoria.



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